O alerta é da Amnistia que pretende um tratado internacional de comércio de armas. Bananas, obras de arte e selos são mercados mais regulados do que o comércio de armas.
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A Amnistia Internacional (AI) lança hoje um relatório sobre os papéis da Rússia, Estados Unidos, China, França e Reino Unido no comércio de armas.
O documento denuncia que as armas comercializadas pelos cinco países-membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são das que mais contribuem para a perda de vidas em todo o mundo.
De acordo com a Amnistia, a China, a França, a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos arrecadam todos os anos mais de metade dos quase 100 mil milhões de dólares (cerca de 76 mil milhões de euros) gerados por este comércio.
No ano passado, falharam as negociações nas Nações Unidas para ter o primeiro tratado internacional. Vários países do Conselho Permanente da ONU pediram mais tempo. As negociações recomeçam para a semana.
Teresa Pina, diretora da Amnistia Internacional em Portugal, sublinha que a organização não-governamental quer, com este relatório, pressionar os países a aprovar, finalmente, um tratado internacional de comércio de armas.
Apesar de ser legal, o comércio internacional de armas quase não tem regulação, sendo menos regulado do que a compra e venda de bananas ou de obras de arte.
A Amnistia Internacional sublinha que é preciso regras claras que evitem que se vendam armas a países onde há o risco de se pôr em causa os direitos humanos.
No relatório, a AI indica que cerca de 60% das violações de direitos humanos documentadas envolvem uso de armas, considerando, por isso, que o mundo «precisa urgentemente» de um tratado regulador.
Esse documento deve conter, como regra de ouro, a proibição de transferências internacionais de armas sempre que haja risco substancial de serem usadas para cometer violações de direitos humanos, crimes de guerra ou violência armada ilegal.