
Vírus Sida
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O contraceptivo mais popular entre as mulheres da África subsariana duplica os riscos de infecção com VIH. A conclusão é de um estudo patrocinado pela fundação Bill e Melinda Gates.
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Cerca de 12 milhões de mulheres na África Subsariana usam um contraceptivo injectável, mas apesar da comodidade de recorrer apenas a uma injecção de três em três meses, este método parece duplicar o risco de contrair e transmitir o vírus da Sida.
Para estudo, patrocinado pela fundação Bill e Melinda Gates e publicado na revista médica Lancet, foram seguidos durante um ano e meio quase 3800 casais seronegativos, ou seja, sendo um dos parceiros portador do vírus.
O trabalho de campo seguiu no total de sete países africanos: Botswana, Quénia, Ruanda, África do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia. E a conclusão é que as características biológicas dos contraceptivos hormonais tornam tanto as mulheres, como os homens, mais vulneráveis ao VIH.
Um resultado que alarmou a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) que vai analisar estas conclusõe nos próximos meses. Para Janeiro está já marcada no calendário dos especialistas da OMS uma reunião.
Esse encontro vai servir para concluir se as provas são suficientemente sólidas ao ponto de justificar uma mudança no aconselhamento às mulheres africanas, avisando-as da maior fragilidade perante o VIH.
Este estudo mostra ainda que a taxa de infecção entre as mulheres que usam contraceptivos hormonais (tanto as pílulas como os injectáveis) está acima dos seis por cento em cada ano, o dobro da taxa verificada nas mulheres que não usam esses métodos.
Uma conclusão que vem cimentar outros dois estudos que já antes apontavam para o risco crescente de contrair o vírus da imunodeficiência humana entre as mulheres que recorriam a estas injecções.
Uma suspeita cada vez mais preocupante nos países africanos, onde o risco de transmissão do vírus da Sida está aos níveis mais altos e continua a haver uma forte resistência ao uso do preservativo.