Os 600 condutores da empresa Brisa, que percorrem cerca de 34 milhões de quilómetros por ano, vão realizar uma formação em condução defensiva para enfrentarem situações de risco e emergência na estrada.
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O curso, promovido pela concessionária de autoestradas mas aberto a outras entidades, pretende, também, dar a conhecer a evolução dos sistemas ativos e passivos de segurança no setor automóvel e a forma como estes têm influência na condução.
«Andar com o carro para a frente toda a gente consegue, o problema é quando acontece qualquer coisa inesperada. E as pessoas não têm noção daquilo que os carros conseguem hoje em dia fazer, nem de como fazer», disse à agência Lusa Luís Prazeres, da Academia Brisa de Condução.
O curso, teórico e prático, inclui, além de ensinamentos de condução defensiva e alertas para situações de risco, testes de reação, a duplicação de tarefas e distrações que podem suceder a bordo de um automóvel e termina com uma assessoria corretiva a cada condutor, com um relatório que mostra a postura de cada um ao volante de um automóvel.
«As pessoas saem daqui um bocado preocupadas com a forma como conduzem», assumiu Luís Prazeres.
Na zona de testes práticos do centro operacional da Brisa, na Marinha das Ondas, Figueira da Foz, o piso é molhado para simular uma velocidade superior àquela a que o automóvel circula.
No exercício, o condutor tem de se desviar de um obstáculo estático, primeiro num automóvel sem o sistema que impede o bloqueio das rodas (ABS, obrigatório desde a década de 1990) e depois num com aquele dispositivo instalado. A reação dos carros é totalmente diferente.
Outro exercício respeita à postura necessária ao volante, com o dispositivo de controlo de estabilidade - usual nos automóveis atuais - para testar a reação do automóvel perante uma qualquer situação de emergência na via.
Outras situações do dia-a-dia, como a utilização de telemóveis a bordo - mesmo em sistema mãos livres -, ou toda a tecnologia que existe num automóvel e que pode provocar distrações, são responsáveis por levarem a "cabeça" do condutor "para outro lugar e a condução fica para último".
"Quando a pessoa está a conduzir um carro tem, praticamente, uma arma na mão", alertou Luís Prazeres.
Este modelo de formação "pretende chamar a atenção e por as pessoas em situações de emergência, para ver como reagem, e ensinar-lhes o que devem fazer e como devem fazer", acrescentou.
Um dos vários truques que o formador adiantou prende-se com distância de segurança necessário observar, em estrada, para o veículo que circula à frente. Trata-se de «contar crocodilos», sendo que a «um crocodilo» corresponde, aproximadamente, um segundo e a distância de segurança varia, consoante a velocidade a que se circula, entre dois a quatro crocodilos.
Um dos formandos que esta semana participou na ação da Brisa, Jorge Lemos, assinalou a «grande diferença» na condução entre automóveis com ou sem dispositivos de segurança ativa.
«A maior parte dos portugueses têm um pouco a mania que são excelentes condutores. Até, se calhar, um piloto de rali. Aqui dá para perceber que há fatores que são externos e que temos de aprender um novo tipo de condução», observou.