Referindo-se à greve geral de junho, o patriarca de Lisboa lembrou que a «sociedade não vive de unanimismos fáceis», mas de «confronto, diálogo e manifestações, quando são necessárias».
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O patriarca de Lisboa diz que «apoia a sociedade que se manifesta», mas lembrou que quem reivindica direitos deve saber ouvir as opiniões dos outros.
Ao referir-se à greve geral de 27 de junho, D. Manuel Clemente considerou normal que a «sociedade», enquanto «corpo vivo, se manifeste e contramanifeste e exponha as suas razões».
«Os grupos e setores têm a sua própria perspetiva dos acontecimentos. A sociedade não vive de unanimismos fáceis», mas de «confronto, diálogo e manifestações, quando são necessárias», explicou.
Apesar de apoiar a «sociedade que se manifesta», D. Manuel Clemente lembra que é preciso que não perca a noção de sociedade, o que implica que «somos sócios e companheiros uns dos outros e que ninguém desiste de ninguém».
«Há todo o espaço para as pessoas se manifestarem as suas opiniões e reivindicarem o que julgam ser os seus direitos e ouvirem os outros que também têm responsabilidades e direito a responder. Isto é uma sociedade democrática e creio que é uma aprendizagem permanente», explicou.
D. Manuel Clemente mostrou-se ainda convencido de que qualquer governo português fosse de que partido fosse «teria de se confrontar com graves problemas» nesta altura.
«O desgaste é dos próprios problemas, que são internos, mas com uma dependência externa como nunca tivemos com uma margem de manobra para qualquer Governo que esteja muito reduzida», adiantou.
Sobre o atual governo, que cumpriu dois anos de funções, o patriarca de Lisboa limitou-se a notar que «há desgaste por parte de toda a população, por parte dos decisores e das responsabilidades que têm de tomar».
«Nas próprias forças políticas, há um capital de boa vontade, cada uma com a sua perspetiva, mas também há algum desgaste. Mas não podemos desistir e temos de ir para a frente», concluiu.