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A TSF ouviu um editor, um crítico e um escritor sobre a relação entre o autor e o público português. Todos defendem que essa relação é agora muito mais próxima do que no passado.
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Para o escritor e crítico Miguel Real trata-se de uma evidência:«vê-se com clareza que há uma preferência de um setor culto e letrado do público pelo autor português. Porque trata das suas coisas, fala da sua realidade e porque aborda personalidades que as pessoas identificam na rua ou no prédio». Miguel Real acrescenta que «há uma nova geração de escritores que se adequa muito à mentalidade urbana e cosmopolita».
João Alvim, presidente da Sociedade Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) diz que a preferência por autores portugueses se pode confirmar de uma forma simples; «Se houver 4 ou 5 autores portugueses de grande nomeada a publicarem no mesmo ano as vendas sobem, se houver só 1 ou 2 as vendas são mais baixas».
O presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes defende que mais importante do que avaliar a qualidade dos livros com maior êxito comercial é fomentar a leitura. Considera normal que nas listas de mais vendidos surjam livros bons e maus, mas aponta o caso de José Saramago por ter conciliado vendas elevadas com uma «qualidade inquestionável».
O crítico Miguel Real recusa participar no debate sobre a importância da chamada literatura "light"; «Quem sou eu para retirar essas pessoas da casa da literatura. Não me considero assim tão iluminado. Não faço esse juízo e condeno até quem o faça. Os juízos definitivos são sempre feitos no futuro».
A aproximação entre os leitores e os autores portugueses não afasta o cenário de crise no mercado do livro. Um estudo divulgado no ano passado pela APEL demonstra que há agora menos livrarias e menos livros vendidos. Em 2012 venderam-se menos 1 milhão de livros do que em 2011 e em 2013 o mercado voltou a sofrer uma quebra superior a 4%.