O documentário de Salomé Lamas sobre Paulo Figueiredo, antigo militar, mercenário, que matou «pela verdade e nunca pelo prazer», estreia-se hoje, nos cinemas portugueses.
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«Terra de ninguém», que arrecadou os principais prémios do festival DocLisboa de 2012, tem apenas um protagonista, Paulo Figueiredo, um homem de 66 anos, que, sozinho em frente a uma câmara, conta a sua vida, desde que se apresentou como voluntário nos Comandos, nos anos de 1960.
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Ao longo de pouco mais de uma hora, vai recordando a vida como mercenário, carrasco, como matou em Angola e Moçambique durante a guerra colonial, o trabalho como segurança em Lisboa, descreve operações em El Salvador e na Nicarágua, as colaborações com a CIA e pormenoriza o que fez com o grupo armado espanhol GAL e a ligação ao Governo espanhol.
«Quis contar a minha vida e, a partir daí, cada um que pense o que quiser», afirmou Paulo Figueiredo no filme.
A realizadora explicou, em entrevista à agência Lusa, que quis apenas registar a narrativa de Paulo Figueiredo, «um personagem cheio de paradoxos». E sublinha que, no filme, «não existe qualquer julgamento moral», «nem perdão, nem simpatia, para que o julgamento fosse entregue ao espetador».
Em complemento a «Terra de ninguém», estreia ainda «Redemption», curta-metragem de Miguel Gomes, estreada este ano no Festival de Veneza, num registo ficcional, recorrendo a imagens de arquivo, em torno de quatro políticos: Pedro Passos Coelho, Nicolas Sarkozy, Silvio Berlusconi e Angela Merkel.