A empresa portuguesa Active Space Technologies conclui este mês o módulo do sistema de telescópio que desenvolveu para o "Satélite Español de Observación de la Tierra SEOSAT-INGENIO", que irá para o Espaço em 2014.
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Na próxima semana será feita a entrega do módulo eletrónico, e até ao final do mês o telescópio, que se encontra em fase final de montagem, revelou à agência Lusa Ricardo Patrício, responsável técnico da empresa.
Trata-se dos "STM -structural thermal model", protótipos idênticos aos modelos de voo, que vão ser «testados em condições bem mais extremas do que os modelos de voo sentem no lançamento (acelerações e vibrações) e nas condições extremas do espaço (radiação cósmica, vácuo, gradientes de temperaturas extremos)», explicou.
Esta fase antecede a construção dos modelos de voo, "FM - flight model", que resultam de uma encomenda do "Laboratorio de Ciencias de la Atmósfera y el Clima" (CIAC), de Espanha, para a sonda atmosférica UVAS (Ultraviolet and Visible Atmospheric Sounder).
O trabalho da Active Space Technologies incidiu sobre a UVAS, no módulo eletrónico de controlo (Electronics Unit) e no telescópio.
«O telescópio é a parte ativa, que vai 'varrer' a atmosfera com um mecanismo de scanning, e vai fazer a leitura ótica que depois é interpretada no módulo eletrónico de controlo», explicou Ricardo Patrício.
O satélite SEOSAT, que incorpora a sonda UVAS, tem por missão a captura de imagens de alta resolução da Península Ibérica, e monitorizará os gases na atmosfera que têm impacto na qualidade do ar, poluição, efeito estufa e degradação da camada de ozono.
«O instrumento irá permitir uma melhor compreensão dos gases-estufa e, em especial, permite a correlação das observações espaciais com os atuais modelos atmosféricos e de previsão meteorológica. A Active Space Technologies está responsável por todo o projeto mecânico, estrutural e térmico do instrumento, bem como pelo fabrico e entrega do instrumento em si», acrescentou.
Este trabalho começou a ser desenvolvido dezembro de 2011 e, segundo Ricardo Patrício, «as maiores dificuldades prenderam-se precisamente com a multidisciplinaridade de competências» que um sistema destes exige.
«O projeto mecânico e eletrónico, a seleção de materiais e tratamentos superficiais compatíveis com ambiente espacial (radiação cósmica, vácuo, gradientes de temperaturas extremos), controlo térmico, mecanismos e ótica» foram os principais desafios que tiveram de superar.
A Active Space Technologies foi fundada em Coimbra em 2004, por dois jovens que se conheceram num programa de formação avançada na Agência Espacial Europeia, na Holanda.