A grave epidemia de febre hemorrágica Ébola na África ocidental vai prolongar-se por «vários meses», declarou hoje o subdiretor-geral para a Segurança Sanitária da Organização Mundial de Saúde.
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É «impossível saber claramente» até onde irá a epidemia, mas «penso que teremos de lidar com esta epidemia durante vários meses», afirmou Keiji Fukuda, no final de uma cimeira de urgência em Acra, onde estiveram presentes os responsáveis da Saúde de 11 países africanos para debater as medidas de emergência a adotar para lutar contra a epidemia.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e os países presentes - Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Senegal, Serra Leoa e Uganda - pediram à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) apoio político e diplomático contra a doença.
Os 11 ministros concordaram em reforçar a cooperação para acelerar a resposta à epidemia e eliminar obstáculos, como a falta de comunicação, colaboração, recursos financeiros, controlo da infeção e investigação.
Os países da região exigiram uma ação conjunta, e também externa à zona afetada, para ajudar os países mais afetados - Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa - a tentar evitar a disseminação da doença.
O oeste africano vai mobilizar os líderes políticos, tradicionais e religiosos para aumentar a informação sobre a doença e limitar as crenças e práticas culturais que facilitam a expansão do vírus.Os líderes africanos comprometeram-se ainda a destinar recursos financeiros e pessoal qualificado para combater a doença.
Os parceiros internacionais, convidados a participar na cimeira - ONU, União Europeia, Cruz Vermelha e Médicos Sem Fronteiras -, prometeram apoio técnico e financeiro para melhorar a resposta à ameaça do Ébola nos países afetados.
Pelo menos 470 pessoas morreram e mais de 760 estão infetadas, no último surto da doença, o mais grave até agora registado, de acordo com a OMS.
Esta é a primeira vez que se identifica e é confirmada uma epidemia de Ébola na África Ocidental, sendo que até aqui tinham ocorrido sempre na África Central.