Equipa da Universidade de Coimbra recebe prémio para investigar cegueira na diabetes
90% dos doentes com diabetes tipo I e 60% dos doentes com diabetes tipo II acabam por cegar. A cegueira na diabetes é a consequência da retinopatia diabética e os tratamentos existentes para a doença são pouco eficazes.
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Um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra recebeu um prémio da Bayer, no valor de 50 mil euros, que vai permitir investigar a retinopatia diabética e desenvolver um fármaco mais eficaz e que possa ser aplicado de forma mais eficiente e precoce no tratamento da doença.
Raquel Santiago lidera a equipa multidisciplinar de investigadores do IBILI - Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida, da Universidade de Coimbra, que recebeu o prémio da Bayer para estudar novas estratégias de combate à retinopatia diabética.
A investigação, que pretende prevenir a cegueira em caso de diabetes, vai incidir nas células da microglia, uma espécie de vigilantes e de barreira protetora do tecido dos nossos olhos. "Quando detetam alguma anomalia, uma infeção, algumas células a morrer, as células da microglia movem-se para esta zona e tentam combater essa perturbação do sistema", explica a investigadora.
Mas, o problema está quando assumem exageradamente a sua função porque "estas células estão a libertar fatores que promovem a morte das células na rotina e isso pode traduzir-se em perda de visão. O que se pretende estudar é se travando a ação destas células conseguimos prevenir as alterações e preservar a visão", explica.
Os tratamentos existentes para a retinopatia diabética são pouco eficazes e tratam a doença tardiamente. Esta investigação pretende desenvolver fármacos que atuem numa fase mais precoce da doença já que quanto mais cedo se atua, mais eficazes são os tratamentos.
Este projeto de investigação terá a duração de 12 meses e deve começar a ser desenvolvido em outubro. Os fármacos apenas estarão disponíveis no mercado após vários anos de investigação.
Raquel Santiago ressalva que a investigação só é possível no contexto de uma equipa multidisciplinar composta por diversas áreas como: Bioquímica, Farmácia Biomédica e Biologia.
O prémio será recebido no próximo dia 19 de setembro, no EURETINA - Congresso Europeu das Doenças da Retina, a realizar na cidade francesa de Nice.