As vítimas da barbárie jihadista não são apenas humanas. Um pedaço da História da civilização foi destruído por membros do Estado Islâmico, em Mossul, a segunda maior cidade iraquiana. Os atos de vandalismo foram gravados e exibidos.
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O Estado Islâmico (EI) divulgou um vídeo em que alguns dos seus membros aparecem a destruir com martelos diversas estátuas e esculturas com mais de três mil anos que pertenciam à coleção do museu de Mossul, capital da província de Nínive, e que é controlada pelo EI desde junho de 2014.
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O prejuízo é incalculável já que as peças reduzidas a cacos eram do século VII a.c..
«É certamente uma tragédia para o Iraque e para o mundo. São objetos insubstituíveis», afirmou o professor Hugh Kennedy, da Escola de Estudos Orientais e Africanos (Soas), da University of London, ao jornal "O Globo".
No vídeo, um homem afirma que as estátuas estão ser destruídas porque promovem a idolatria. «Muçulmanos, estas estátuas atrás de mim, eram ídolos e deuses para os povos que viveram séculos atrás, que as adoravam em vez de adorar a Alá. O profeta ordenou que nos destruíssemos estas estátuas e relíquias. O profeta enterrou os ídolos em Meca, com suas benditas mãos», afirma o homem.
Para o arqueólogo Robert Bewley, diretor do novo projeto "Arqueologia ameaçada", da Universidade de Oxford em parceira com as universidades de Leicester, o problema não se limita à destruição das estátuas. Acredita-se que o EI está a vender peças de grande valor arqueológico no mercado negro para financiar a ofensiva jihadista na região. Segundo este arqueólogo, entre o Médio Oriente Médio e o norte de África, há entre três a cinco milhões de locais de grande valor arqueológico que estão sob ameaça. «Não se sabe quem está a comprar estas peças, mas há suspeitas de um grande mercado negro», refere.
Entretanto, a Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) pediu já uma reunião de urgência ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
«Aquele ataque é mais do que uma tragédia cultural, é também uma questão de segurança porque alimenta a intolerância, o extremismo violento e do conflito no Iraque», criticou a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.
«É por isso que entrei imediatamente em contacto com o presidente do Conselho de Segurança pedindo-lhe para convocar uma reunião de emergência do Conselho relativa à proteção do património iraquiano como parte integrante da segurança do país», disse.