
Sino de Benavente (Créditos: Viver Benavente)
Direitos Reservados
Os habitantes de Benavente têm dez dias para dizerem se querem o sino instalado na Câmara desligado. A proposta é de um de hotel situado a cerca de 50 metros do edifício da autarquia.
Corpo do artigo
Do alto da torre da Câmara Municipal de Benavente, o sino, que ali existe desde o início do século passado, assinala a todas as horas o passar do tempo.
Os hóspedes do Hotel de Benavente, que dista cerca de 50 metros do relógio, reclamam. Mas para quem ali vive há vários anos, o compasso das horas é uma tradição. José Serrano confessou que gosta de «ouvir o sino a bater as horas». «Da outra vez roubaram o sino e não conseguíamos dormir», contou.
Já Fátima e Filipa Miguens, mãe e filha, que moram na praça junto ao edifício da autarquia, disseram à TSF que estão habituadas ao relógio.
«Acho que não incomoda nada, moro aqui há doze anos e sempre ouvi o sino», frisou Fátima, que, à semelhança de Filipa, considera «perfeitamente aceitável que quem não está habituado possa sentir-se incomodado com o barulho do sino».
Pouco importada com o ruído nocturno, Maria Costa, 87 anos, contou que uma vez o irmão Carlos, perante uma avaria do relógio, foi ter com o presidente da Câmara para reclamar da demora da reparação.
«O relógio esteve avariado e o meu irmão Carlos, que mora ali no largo, disse ao presidente: "Toda a vida ouvi o relógio, estou para ver se morro sem o ouvir"», contou Maria Costa. A benaventense lembrou que quando o hotel foi para ali «o relógio já lá estava».
Mesmo cumprindo todas as regras de insonorização, os proprietários do hotel garantem que o barulho é cansativo para quem não está habituado.
Susana Sousa Lino, directora-geral do hotel, compreende a importância que o sino têm para a população, por isso só quer que a autarquia desligue o sino ou baixe o som «entre a meia-noite e as seis da manhã», «de forma a que as pessoas consigam descansar».
O autarca de Benavente reconhece a importância que o hotel tem para economia da vila mas, argumenta António José Ganhão, por ser a primeira vez que recebe uma queixa do género não vai tomar nenhuma decisão sem fazer um referendo.
«A Câmara não pode ignorar aquilo que é o sentimento da população que vive nesta parte velha e muito parte dela não aceita que possamos vir a parar o relógio. A decisão da Câmara foi de publicar um edital convidando as pessoas a apresentar a sua posição por escrito», disse.
O edital já foi publicado no site da Câmara Municipal de Benavente e a população tem dez dias para ajudar o autarca a tomar uma decisão.