
BBC
Um restaurante "antidrogas" é a nova atração da pequena Montichiari, norte da Itália. A escolha não foi por acaso. A cidade, de 25 mil habitantes, é recordista italiana no consumo de cocaína, com 14 doses diárias a cada mil habitantes.
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A decoração do estabelecimento, chamado de "I Love Cocaine" inspira-se nos danos provocados pela cocaína no cérebro humano.
Em vez de mesas tradicionais, há uma única e longa bancada sinuosa que representa a atividade cerebral dos neurónios. Nas paredes, os monitores de televisão transmitem depoimentos de ex-viciados em drogas.
Numa outra parede, o restaurante exibe uma projeção das mentes dos frequentadores. Ao entrar no restaurante, cada cliente pode personalizar a própria imagem do cérebro em duas dimensões, fotografá-la com um tablet e projetá-la em 3D.
A experiência ainda simula a reação dos neurónios ao uso da cocaína. Quando o cliente do restaurante passa a mão sobre umas filas de farinha branca dispostas numa bandeja no final da parede, o sistema eletrónico é acionado e uma "chuva virtual" de cocaína invade o monitor.
Depois, o cérebro do usuário entra numa espécie de curto-circuito e implode na tela.
«Não sabemos se virá alguém ou se o restaurante vai lotar. É difícil administrar um espaço assim, com esta proposta», reconhece o designer do ambiente, Ermanno Preti, à BBC Brasil.
O proprietário do restaurante, o empresário Mino Dal Dosso, também reconhece que, no início, sentiu-se inseguro com o projeto e com o nome do restaurante. «Depois abracei o projeto, que passa uma importante mensagem ética e social, num lugar público».
O "I Love Cocaine" custou quase 2 milhões de euros, um investimento raro em tempos de crise económica na Itália e tem um cardápio tradicional, com massas, carnes e verduras. «Abri um restaurante um mês antes do início da crise de 2008. Hoje temos 40 empregados e dobramos o faturação. Honestamente, não acredito na crise, acho que existe uma crise, sim, de valores, uma crise da falta de vontade dos empresários de arriscar», argumenta o dono.
«Achamos que este conceito ético e social pode funcionar noutros países. Registamos a marca e estamos à procura de novos mercados».