O escritor Juan Goytisolo foi hoje galardoado com o Prémio Cervantes 2014, considerado o principal galardão da literatura latino-americano, segundo anunciou o Ministro da Educação, Cultura e Esportes, José Ignacio Wert. Em declarações à TSF, o diretor do Instituto Cervantes de Lisboa elogia a capacidade de Juan Gytisolo renovar as palavras.
Corpo do artigo
Para Javier Rioyo, diretor do Instituto Cervantes de Lisboa, Juan Goytisolo é um dos escritores que mais tem enriquecido a literatura espanhola.
«Juan Goytisolo conseguiu com as suas obras e a sua visão particular desenhar uma Espanha dorida e zangada com a sua própria história, por ter expulsado os judeus e os mouros. É um lamento literário o que mantém ao longo das suas muitas obras. É um espanhol que vê com dor o que de mal se passa no seu país e que o conta através dos seus livros», afirma.
Nascido em Barcelona em 1931, é autor de romances, histórias, inúmeros ensaios. Publicou a primeira obra em 1954.
O diretor do Instituto Cervantes de Lisboa elogia a capacidade de renovar as palavras: «Em alguns dos seus romances, como por exemplo na "Reivindicação do Conde Julião", é muito importante o que faz com o idioma. Não só o que nos conta, mas a visão que dá, dolorosa, de um imaginário espanhol no exílio. Mas também o uso de uma linguagem renovada, que de certa forma é parecida com o sofrimento do romance francês».
De uma família de escritores, Juan Goytisolo viveu durante muitos anos entre Espanha, Marrocos e França. Javier Rioyo destaca algumas das obras do escritor catalão: «Para mim «A Reivindicação do Conde Julião» será a obra mais marcante, é uma das suas grandes obras. Mas há muitas mais como "As memórias de um pássaro solitário", que é uma obra extraordinária».
Juan Goytisolo tem 83 anos. Ontem, numa entrevista ao El País, o escritor desabafava que sempre que é premiado duvida de si mesmo. É considerado um interlocutor entre a cultura europeia e islâmica e é também um dos intelectuais mais críticos.
Com a decisão deste ano cumpriu-se a tradição de que o prémio de 125 mil euros recai alternadamente em Espanha e na América Latina, tendo no ano passado sido galardoada a escritora mexicana Elena Poniatowska.