O julgamento do processo relativo à maré negra mais grave na história de Espanha começa hoje, quase uma década depois do naufrágio do petroleiro "Prestige" junto à costa da Galiza.
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Um tribunal galego vai começar a julgar quatro indivíduos por responsabilidades na catástrofe, três membros da tripulação e o antigo diretor-geral da marinha mercante espanhola.
A 13 de novembro de 2002, o "Prestige" foi apanhado numa tempestade ao largo do Cabo Finisterra e sofreu um rombo de 35 metros no casco.
Seis dias depois, o navio liberiano com pavilhão das Bahamas afundou-se a 270 quilómetros da costa da Galiza, derramando mais de 50 mil toneladas de combustível.
O impacto ecológico e económico do desastre atingiu a Galiza e o resto do norte de Espanha, o norte de Portugal e mesmo a costa da França. O total dos danos causados pelo naufrágio é estimado em 4.120 milhões de euros.
Hoje, começam no tribunal da Corunha audições preliminares para adiantar questões formais, depois de o tribunal já ter recolhido depoimentos de 133 testemunhas e de uma centena de especialistas.
A 13 de novembro, aniversário do desastre, começarão a ser ouvidos os acusados.
Entre eles, estão o comandante do navio, o grego Apostolos Mangouras (atualmente com 78 anos), o mecânico do "Prestige", o também grego Nikolaos Argyropoulos, e o imediato do comandante, o filipino Ireneo Maloto (que ainda não foi localizado pelas autoridades espanholas).
O quarto acusado é o espanhol José Luis Lopez-Sors, que na altura dirigia a marinha mercante espanhola e cujas instruções para o "Prestige" poderão ter agravado as consequências desse desastre.
A acusação pede penas de 12 anos de prisão por atentado contra o ambiente.
Mais de 2.600 quilómetros da costa espanhola foram afetados nos meses seguintes ao acidente. Em Portugal, nos três meses a seguir ao acidente, foram recolhidas 439 aves marinhas atingidas pela maré negra, das quais 186 ainda vivas, que foram enviadas para tratamento.
As autoridades espanholas preveem que o julgamento esteja concluído em maio do próximo ano.