A Universidade de Coimbra anunciou na segunda-feira que investigadores de Coimbra e Lisboa estão a criar um arquivo digital hipermédia dedicado ao livro de Bernardo Soares/Fernando Pessoa.
Corpo do artigo
O "Arquivo Digital do Livro do Desassossego" (arquivo LdoD) agrega fac-símiles digitais dos cerca de 700 fragmentos do «Livro do Desassossego» e as principais edições portuguesas publicadas entre 1982 e 2010 - por Jacinto Prado Coelho (1982), Teresa Sobral Cunha (1990), Richard Zenith (1998) e Jerónimo Pizarro (2010).
Numa nota de imprensa divulgada ontem, a Universidade de Coimbra (UC), explica que «através de ferramentas de pesquisa e análise inteligentes, a plataforma gera em simultâneo múltiplas comparações automáticas entre as várias edições e entre os fac-símiles originais e as edições dos peritos, tornando possível uma nova perceção da história do «Livro do Desassossego» e das relações que as diferentes edições mantêm entre si e com o original».
Este arquivo interativo «combina uma edição genética e uma edição social», podendo «qualquer utilizador, especialista ou não», criar a sua edição do «Livro do Desassossego», «com base na sua interpretação dos marcadores textuais e semânticos dos fragmentos», afirma Manuel Portela, do Centro de Literatura Portuguesa da UC (CLPUC), concluindo que se está perante «um projeto que abre um vasto leque de novas possibilidades para a investigação da obra de Pessoa».
Com versões da interface em português, inglês e espanhol, «o objetivo é fazer deste arquivo o principal instrumento no mundo para estudar o «Livro do Desassossego» e criar uma forte relação entre os estudos literários e a computação, apontando caminhos de investigação para as humanidades digitais, uma área de estudo em crescente desenvolvimento», sintetiza o investigador.
Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o projeto, iniciado em 2012, está a ser desenvolvido por uma equipa de 13 investigadores das áreas de literatura, novos media e computação da UC, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC-ID, Lisboa) e da Biblioteca Nacional.