O interesse da polícia britânica que está a investigar o desaparecimento de Madeleine McCann pelo alegado pedófilo que atacou cinco crianças no Algarve só surgiu após um apelo público feito em outubro passado.
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Transmitido nas televisões britânica, alemã e holandesa, o apelo revelou vários retratos robô de homens suspeitos e apelava a informação sobre uma série de furtos a apartamentos na Praia da Luz entre janeiro e abril de 2007.
Três famílias britânicas contactaram a Scotland Yard com informação de um intruso nas suas casas de férias no Algarve, que tinha entrado nos quarto das filhas.
Só depois a polícia britânica descobriu que outros nove casos envolvendo famílias britânicas tinham sido reportados à polícia portuguesa, que nunca descobriu o culpado, revelou o detetive inspetor chefe Andy Redwood durante um encontro com jornalistas hoje em Londres.
Ao todo, os doze casos têm em comum um intruso, que se introduziu nas casas de férias sem forçar a entrada e entrou nos quartos de meninas entre os seis e 12 anos.
«Em seis dos delitos, ele sentou-se ou entrou nas camas e em quatro, infelizmente, conseguiu levar a cabo ataques sexuais graves em cinco crianças com idades entre os sete e dez anos na altura em que aconteceu», disse Redwood à Lusa.
Em nove dos casos, o intruso saiu sem roubar valores, o que leva os investigadores a pensar que o seu principal interesse é em «fêmeas brancas jovens britânicas».
«O criminoso é descrito como sendo homem de tez escura, bronzeada, cabelo curto despenteado, falava em inglês, mas com sotaque estrangeiro e a forma de falar é descrita como sendo arrastada ou estranha. Três das vítimas disseram que ele tinha um cheiro estranho, a tabaco ou perfume. Duas das famílias falaram ter ouvido camiões do lixo na zona», referiu o detetive britânico.
Além de uma «barriga grande», duas descrições referiram distintivamente ainda que ele tinha vestida uma camisola de manga comprida de cor bordeaux com gola redonda e um círculo branco na parte detrás.
Apesar de terem acontecido num grande raio geográfico, pois aconteceram entre o Carvoeiro (quatro), Vale da Parra/Praia da Galé (seis) e Praia da Luz (dois), os delitos têm circunstâncias que fizeram a Scotland Yard suspeitar.
«Há uma forte relação, mas não é científica. É crítico identificar o responsável e provar ou não a relação com o desaparecimento de Madeleine», argumentou Andy Redwood.
O mesmo responsável disse hoje que a equipa envolvida na investigação, que tem o nome de código "Operação Grange", já conseguiu reduzir o número de "pessoas de interesse" de 60 para 38.
Porém, continua a tentar trabalhar uma base de dados de 530 pedófilos de vários países para identificar potenciais suspeitos no desaparecimento de Madeleine McCann em Maio de 2007.