Márcia regressa com "Quarto Crescente"

Posso dizer que tive o privilégio de ouvir as primeiras canções de Márcia, ainda ela era estudante de Belas-Artes e a música era um hobby, mas já então levado com muita paixão. Nas passagens de ano em Messejana, era sagrado como o destino que a Márcia e a guitarra eram tão indispensáveis como um bom copo de tinto.

Com o passar do tempo, os tons da pintura foram sendo substituídos pelos tons (e sons) da guitarra e as cores das telas foram passadas para as palavras que escrevia. Decididamente, a música foi ganhando terreno e a passagem pela Escola do Hot Clube foi a gota de água que fez transbordar o talento da cantautora que, depois de ter passado pelo Real Combo Lisbonense, editou em 2009 - e ainda como uma das vozes do grupo - o primeiro disco em nome próprio: um EP homónimo com cinco canções, entre as quais estava "A Pele Que Há em Mim", um tema que já tinha feito parte da coletânea "Novos Talentos FNAC".

Um ano mais tarde, numa editora independente, edita "Dá", o primeiro álbum, reeditado em 2011- então já numa "major" - com "A Pele Que Há em Mim" numa nova versão em dueto com J.P. Simões. Os dados estavam lançados em definitivo e a ternura já habitual na forma de Márcia escrever foi aumentada pela maternidade, acontecida entre "Dá" e o segundo álbum - "Casulo" - editado em 2013 e no qual teve Samuel Úria como convidado.

Calmamente, saboreando a faceta de mãe, Márcia começou a preparar o novo disco agora editado e, quando chegou a altura de escolher o produtor, essa escolha recaiu em Dadi Carvalho, companheiro de aventuras de Marisa Monte e que co-assina a produção com Filipe C. Monteiro, o que levou a que a próxima paragem fosse o Rio de Janeiro onde este novo disco - "Quarto Crescente" - foi parcialmente gravado e no qual Márcia contou com convidados como Vinicius Cantuária (presente em três temas) e o rapper Criolo, com quem faz um dueto. Quanto ao resultado final, são onze temas onde a magia da composição e da escrita de Márcia está como uma marca de água.