Médicos britânicos envolvidos na morte de grávida portuguesa autorizados a continuar a trabalhar
Dois médicos britânicos envolvidos na remoção por erro de um ovário a uma grávida portuguesa com apendicite que mais tarde morreu foram hoje autorizados a continuar a exercer pela entidade supervisora da profissão, mas sob monitorização.
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O inquérito do Tribunal dos Praticantes Médicos que hoje terminou concluiu que Yahya Al-Abed, autor da cirurgia, e Babatunde Julian Coker, são culpados de «má conduta grave» por terem posto a paciente em «risco de forma injustificada» e darem «má fama à profissão».
O tribunal considerou, no entanto, que não é do «interesse geral público» a suspensão pedida pelo Conselho Médico Geral, o rganismo onde todos os médicos têm de estar registados.
«A má conduta resultante de erro genuíno, ao contrário da indiferença arrogante a princípios de boa prática médica, não deve resultar em culpa e castigo, mas induzir uma aprendizagem e uma vontade de reduzir o risco para futuros pacientes», disse Carrie Ryan-Palmer, presidente do painel responsável pela decisão, citada pelo Daily Telegraph.
O caso remonta a outubro de 2011, quando a portuguesa, Maria de Jesus, se deslocou ao Queen's Hospital em Romford, no leste de Londres com dores abdominais diagnosticadas como apendicite.
A operação de urgência foi atribuída a Al-Abed, que era inexperiente e estava no hospital há apenas três semanas, por Julian Coker, cirurgião superior que deveria ter realizado ou acompanhado o procedimento.
Foi quando a portuguesa, grávida de vinte semanas do quarto filho, voltou ao hospital três semanas depois novamente com dores que foi descoberto que o ovário tinha sido removido em vez do apêndice.
Maria de Jesus sofreu um aborto e morreu durante uma segunda operação.
A Yahya Al-Abed, que admitiu o erro e ter realizado a operação sem pedir ajuda superior, foram impostas restrições durante 18 meses, nomeadamente o supervisionamento das cirurgias por um médico com experiência, enquanto a atividade de Coker terá de ser monitorizada durante um ano.