Quase sete décadas depois do final da 2ª guerra, há quem ainda não tenha encerrado este capitulo da vida. Menahem Bodner, actualmente com 72 anos, tinha três quando entrou em Auschwitz. Menahem continua à procura do irmão Yoli, 69 anos depois.
Corpo do artigo
Agora por influência dos netos, a procura chegou às redes sociais: foi criada uma página no Facebook para tentar novas pistas.
Menachem sempre sentiu que tinha um irmão gémeo. Mas até há alguns meses, no entanto, não tinha provas de que as memórias que guardava fossem verdadeiras.
Há cerca de um ano decidiu colocar na Internet uma fotografia que tinha no bolso quando saiu do campo de concentração, uma foto de familia.
Ayana Kim Ron, uma genealogista, respondeu pedindo mais informações e rapidamente concluiu que a familia não era a de Menachen.
Ouvida pela TSF, confessou que, depois disto, Menachen ficou devastado: a única pista que tinha afinal era falsa. Isso no entanto não lhe demoveu a certeza da existência de um gémeo.
Ayana recordou-lhe que havia outro ponto de partida, o numero que tinha tatuado no braço: A 7733. Vasculhando nos registos de Auschwitz, ela descobriu que Menachem Bodner afinal se chamava Elias Gottezman e que havia realmente um irmão gémeo, Ieno, conhecido por Ioli, e outro com dois anos chamado Joseph.
Mesmo confrontado com estas informações, Menachem ainda pouco fala da família. Os três e a mãe chegaram a Auschwitz no dia 28 de Maio de 1944, os gémeos tinham três anos e meio. Quanto ao pai, Ayana Kim Ron diz que era médico mas não há qualquer registo sobre a morte dele.
A genealogista soube no entanto que a mãe sobreviveu à guerra e esteve pouco tempo no campo com os filhos. Os registos mostram que a mãe dos três rapazes regressou à terra de origem e o que se passou depois só foi possível apurar graças ao testemunho de uma prima.
Já o irmão mais novo, Joseph, que chegou ao campo com menos de dois anos, acabou por não sobreviver ao tratamento a que foi sujeito.
Ainda hoje Menachem não quer saber o que lhe foi feito nos laboratórios de Mengele e por isso não gosta de dar entrevistas.
Ayana confessa que tem os registos sobre o que lhes foi feito mas nem os médicos actuais conseguem explicar as experiências.
Menachem tinha quatro anos e meio quando deixou Auschwitz e não sabe ao certo como se perdeu de Yoli - na realidade são poucas as memórias que conserva sobre esse período.
A existência de um gémeo marcou toda a vida de Menachem mas até agora têm sido poucas as pistas que permitam chegar até ele. Na realidade a ultima informação é de 1945.
Depois do campo, Yoli pode ter sido adotado por uma família polaca, pode ter sido levado com outros sobreviventes para a Bielorrússia (como aconteceu a muitos)) ou então para o território de origem, que depois da guerra passou a pertencer à Ucrânia.
Para já as buscas estão em suspenso, mas Ayana Kim garante que não vai desistir: procura descendentes, familiares, vizinhos, quem puder dizer o que lhe aconteceu.
Menachem ainda acredita no entanto que vai encontrar o irmão vivo.
Ayana recorda que Yoli pode estar em qualquer parte do mundo, ter qualquer nome, mas há uma característica que o identifica: a tatuagem no braço com o número A 7734.
À TSF Ayana KimRon deixa um apelo: se alguém ouvir esta história e se tenha cruzado com sobreviventes de Auschwitz, contacte a genealogista com essas informações.