Homenageado há dois anos na Escritaria em Penafiel, Mia Couto não passou ao lado da atualidade. Disse na altura que é preciso sair à rua, é preciso revoltarmo-nos, é precisa insubordinação.
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António Emílio Leite Couto nasceu em 1955, na Beira, numa família de emigrantes portugueses.
Nos primeiros anos da década de 70 estudou medicina na Universidade de Lourenço Marques, atual Maputo, mas deixou a faculdade logo após o 25 de abril para se dedicar ao jornalismo. Trabalhou na Tribuna, no Tempo, no Notícias e também na Agência de Informação de Moçambique.
Já nos anos 80, regressa à universidade para estudar biologia e por lá continua como investigador e professor de ecologia.
O primeiro livro saiu há precisamente 30 anos, em 1983. Mia Couto publica «Raiz de Orvalho», um livro de poesia numa altura em que a causa da independência de Moçambique marcava quase toda a escrita.
Na viragem da década, início dos anos 90, o escritor edita o primeiro romance. «Terra Sonâmbula» ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação de Escritores Moçambicanos. Foi considerado um dos melhores livros africanos do século 20 e chegou mais tarde ao cinema.
É neste romance que Mia Couto utiliza, pela primeira vez, palavras que vai buscar à tradição oral e que marcam, daí para a frente, toda a obra do autor. Nos anos seguintes, Mia Couto publica vários romances mas também crónicas e poesia com passagem pela literatura infantil.
Pelo caminho ficam vários prémios: Vergílio Ferreira, pelo conjunto da obra, União Latina, de literaturas românicas, ou o prémio Eduardo Lourenço.
Homenageado há dois anos na Escritaria em Penafiel, Mia Couto não passou ao lado da atualidade. Disse na altura que é preciso sair à rua, é preciso revoltarmo-nos, é precisa insubordinação.