Milhares de pessoas estão hoje a participar nas comemorações do Dia do Trabalhador, na Avenida dos Aliados, no Porto, a reivindicar mudanças de política e de Governo.
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"Está na hora deste Governo ir embora" e "no Governo e em Belém não presta ninguém" são algumas das palavras de ordem mais gritadas pelos manifestantes e aos microfones da organização, a cargo da União dos Sindicatos do Porto.
Ao som de música de intervenção, os milhares de manifestantes aguardavam os discursos dos líderes sindicais para depois desfilarem por várias ruas circundantes, regressando à Avenida dos Aliados, para um concerto protagonizado pelos Cubanitos 100%.
Na sua intervenção, o líder da União dos Sindicatos do Porto e membro da Comissão Executiva da CGTP, João Torres, defendeu a necessidade de assumir o compromisso de «lutar para travar e derrotar uma política que está a levar o país ao desastre económico e social».
«Por isso, dizemos que está na hora deste Governo ir embora», disse, referindo que este é um 1.º de Maio que se realiza «num crescendo de lutas nas empresas e nas ruas».
Para João Torres, «é necessário recuar a tempos que julgávamos em definitivo ultrapassados, para encontrarmos níveis de pobreza e de miséria, de desemprego e baixos salários, de roubo do presente e negação do futuro, como aqueles que hoje estamos confrontados».
«E ainda nos dizem que esta política é o resultado de termos vivido acima das nossas possibilidades. Haja Pudor! Não fomos nós que vivemos acima das nossas possibilidades, foram os grandes acionistas, os gestores dos grupos económicos e financeiros e a sua clientela, que fizeram e fazem da exploração dos trabalhadores e do povo, o maná dos lucros e benesses que não param de aumentar», afirmou.
Sobre o memorando assinado com a 'troika', João Torres considerou tratar-se de «um tratado imposto ao país, um saque organizado à riqueza nacional e aos direitos e garantias dos trabalhadores e do povo».
«Este Governo não tem legitimidade política, moral e ética para anunciar novos cortes em áreas fundamentais para a qualidade de vida e bem-estar das populações» como a Saúde, a proteção social e a educação, disse.
João Torres considerou ainda que «o governo está mais descredibilizado e mais isolado que nunca» e que por isso se exige «uma mudança de política e de governo».
«Exigimos que o Estado desenvolva todas as ações para acabar com o escândalo do BPN (...) e exigimos a implementação de uma contribuição extraordinária sobre o lucro das grandes empresas que não são reinvestidos (...)», disse, considerando que «o Governo não pode continuar a negligenciar os mais de cinco milhões de euros que estas medidas representam e afirmar que não podemos continuar com os níveis de proteção e direitos sociais, fazendo tábua rasa das garantias constitucionais».
João Torres disse ainda que no último ano se sindicalizaram 27 mil trabalhadores e que é com «sindicatos mais fortes» que se conseguirá «derrotar a política de direita e construir um Portugal com futuro».
«Uma luta que vamos prosseguir com uma grande concentração junto ao Palácio de Belém, no dia 25 de maio, exigindo do presidente da República, a demissão do Governo e a realização de eleições antecipadas» e «com um dia de protesto em todo o país» a 30 de maio, acrescentou.