A escritora espanhola Ana Maria Matute, que foi Prémio Cervantes de literatura, morreu hoje em Barcelona aos 88 anos de idade, informou a sua editora.
Corpo do artigo
Ana Maria Matute, que estava atualmente a trabalhar numa nova obra, nasceu em Barcelona a 26 de julho de 1925 e em 2010 foi galardoada com o Prémio Cervantes, o reconhecimento mais importante das letras em Espanha, atribuído pelo Ministério da Cultura.
Matute, considerada uma das autoras de prosa com maior capacidade de fabulação, foi também Prémio Nacional das Letras. Terceira mulher a conseguir o Cervantes, por uma obra extensa, com um mundo e linguagem muito próprios, Ana Maria Matute fez da literatura a sua forma de estar no mundo.
Várias vezes apontada para o Nobel, Matute deixa uma obra vasta, tanto pelo número de títulos como pelas temáticas que aborda e os estilos narrativos que experimentou. Autora de 15 romances e de 30 contos e histórias para crianças era, desde 1996, membro da Real Academia Espanhola da Língua.
A Idade Média, a infância, a injustiça social, os marginalizados, a ausência de comunicação, a guerra e o pós-guerra, e o "outro lado", porque sempre se situou à margem, são os temas centrais da obra da escritora, que aos 17 anos escreveu a sua primeira novela ("Pequeño teatro").
Livre, moderna, rebelde, Ana María Matute sempre disse que a palavra era «o mais bonito que alguma vez se criou» e que o seu lugar era «o bosque», «metáfora do mundo da imaginação, da fantasia, do sono, mas também da própria literatura. Em suma, da palavra».
A escritora, que se deixou influenciar pelas palavras que foi beber aos irmãos Grimm, Andersen, Perrault, Proust, Rilke, Chejov, Faulkner ou Poe, é autora de títulos imprescindíveis da literatura espanhola, como «Torre vigía», «Olvidado Rey Gudú», «Aranmanoth», «Los soldados lloran de noche», «Los Abel», «Fiesta al Noroeste», «Los hijos muertos» ou «Primera memória».