O arquiteto Manuel Tainha, distinguido com os prémios AICA e Valmor, morreu na segunda-feira aos 90 anos em Lisboa, informou a Ordem dos Arquitetos.
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O corpo do arquiteto estará em câmara ardente a partir das 17:00 de hoje na Basílica da Estrela, em Lisboa, e o funeral realiza-se na quarta-feira, embora não tenha sido divulgado o local.
«É uma perda irreparável para a arquitetura portuguesa, pelo trabalho de projeto, pelas obras que deixa, entre as mais importantes do século XX em Portugal, obras em contra-corrente e inovadoras em relação ao que era mais comum», disse à agência Lusa o presidente da Ordem dos Arquitetos, João Belo Rodeia.
Entre os edifícios assinados por Manuel Tainha contam-se a Pousada de Santa Bárbara (Oliveira do Hospital), a Escola Agro-Industrial de Grândola, as Torres dos Olivais, em Lisboa, e a Faculdade de Psicologia, em Lisboa, que lhe valeu o prémio Valmor em 1991.
Nascido em Paço d'Arcos em 1922, Manuel Tainha licenciou-se em 1950 em arquitetura. A par do trabalho de projeto, destacou-se como professor e no ensaio crítico, "num país em que os arquitetos não gostam muito de escrever", sublinhou João Belo Rodeia.
Contemporâneo do arquiteto Nuno Teotónio Pereira, Manuel Tainha foi o fundador da revista Binário em 1958 e, pelo conjunto da atividade crítica, recebeu em 2002 o Prémio Jean Tschumi da União Internacional dos Arquitetos.
Em 2000, foi agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique e foi-lhe dedicada uma exposição retrospetiva na Casa da Cerca, em Almada.
Em 2007, doou o seu espólio à Fundação Calouste Gulbenkian, reunindo mais de 50 anos de trabalho na arquitetura.
Em comunicado, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, lamentou a morte de um arquiteto que era «indiscutivelmente um dos maiores mestres da arquitetura portuguesa».
Para Manuel Tainha, «o moderno e o popular nunca chocaram, antes se encontraram sempre num diálogo harmónico», disse o secretário de Estado da Cultura na mesma nota de pesar.
Ouvida pela TSF, Helena Roseta, antiga bastonária da Ordem dos Arquitetos lembrou Manuel Tainha como um «grande mestre» e um homem de «luta».