
Oliver Sacks
DR
Autor do famoso livro "O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu", o escritor e neurologista britânico morreu este domingo em Nova Iorque. Oliver Sacks era, talvez, o neurologista mais conhecido do Mundo.
Depois de nove anos a lutar contra um cancro, Oliver Sacks morreu este domingo em Nova Iorque, aos 82 anos. Depois de, em fevereiro deste ano, ter ficado a saber que já lhe restavam poucos meses de vida, publicou uma carta na qual admitiu que não podia fingir que não tinha medo.
Mas o sentimento era de gratidão. Gratidão por ter ter amado, por ter dado e ter recebido por ter lido, viajado, pensado e escrito.
Filho de médicos, Oliver Sacks começou a carreira na medicina pela investigação mas era um desastre. Perdia amostras, partia máquinas, o que levou os colegas no laboratório a dizerem-lhe que era uma ameaça. Vai ver doentes, disseram-lhe, e ele assim fez.
Durante décadas, dedicou-se aos doentes com distúrbios neurológicos. Dizia que adorava descobrir o potencial em pessoas que, supostamente, não tinham qualquer potencial. Para isso, queria saber tudo aquilo que os doentes viviam.
Mergulhava no mundo dos doentes. Ajudou a explicar e desmistificar perturbações como o síndroma de Asperger ou de Tourette. Dizia que era obsessivo, compulsivo. Tomava notas de tudo, chegou a ter 600 blocos de notas, numa espécie de diário.
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A fama chegou através da escrita, com o livro "Despertares", onde conta a história de um grupo de pacientes que estavam há décadas num estado catatónico, mas que começaram a reagir com a medicação de Sacks. O livro foi adaptado ao cinema, num filme com Robin Williams e Robert de Niro.
Outras obras de Oliver Sacks deram origem a filmes e até a uma ópera baseada no livro "O homem que confundiu a mulher com um chapéu". Os livros descrevem ainda a história de um operador de rádio num submarino, preso nas memórias de 1945, ou uma mulher invisual que considerava as mãos com bocados de massa inúteis.
O jornal The Independent descrevia Oliver Sacks como o génio dos dramas neurológicos. O neurologista dizia que gostava de ser recordado como um ouvinte dos pacientes, mas muito mais do que isso.
Oliver Sacks escreveu e investigou temas tão diversos como o envelhecimento, a amnésia, os sonhos, a surdez, os membros fantasma ou as alucinações. Além de neurologista, escritor e professor, ainda tocava piano. Dizia que Mozart o tornava um neurologista melhor.