Todos os sábados, um grupo de mulheres residentes na Aldeia de João Pires, Penamacor, esquece as limitações da idade e puxa pelo físico para aprender técnicas de defesa pessoal.
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Nunca foram assaltadas, nem vivem com medo, mas «é uma forma de ganharem autoconfiança e estarem ativas», como diz à agência Lusa o instrutor Alberto Mariano, voluntário que guarda os sábados para dinamizar atividades na região onde nasceu.
Além disso, praticam truques que podem usar «em último recurso», numa situação de risco.
Pode faltar agilidade «para fazer a espargata», mas «há técnicas específicas» que a população sénior pode usar: «por exemplo, quem já não levanta bem o pé, pode magoar a canela de um agressor».
Numa só tarde, Filomena Pires, de 74 anos, aprendeu a usar o movimento de braços com que despe uma camisola para afastar os braços de um estrangulador.
Lado a lado com outras dez vizinhas, descobriu que basta girar o pulso para fugir de quem a agarre e ficou a saber como dobrar o braço sobre o peito para travar algumas agressões.
Filomena confessa que nunca anda sozinha, mas desde que frequenta as aulas sente-se «mais segura», já para não falar de como se sente melhor dos ossos: «até quarta já sei que não vou ter dores».
Maria Adelaide Moreira, 78 anos, subscreve a opinião, abanando a cintura: «sinto que isto me está a fazer bem. Como? Nem sei, olhe, movimento-me melhor».
As aulas querem contrariar o cenário e já conseguiram mudar os sábados, como descreve Maria de Jesus Tomé, 69 anos.
Por entre as participantes, há crianças de outra classe que Alberto dirige, aos sábados de manhã, em Aldeia do Bispo, e em que explica o que já aprendeu com anos de prática de artes marciais.