Museu do Brinquedo de Sintra anuncia fecho no final de agosto por falta de viabilidade
A Fundação Arbués Moreira anunciou hoje a intenção de encerramento o Museu do Brinquedo de Sintra no final de agosto, devido à queda de visitas e por não ser possível assegurar a sustentabilidade financeira.
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«A nova lei das fundações foi cega e o pouco apoio que o Museu do Brinquedo recebia foi cortado», disse à agência Lusa João Arbués Moreira, filho do criador da Fundação Arbués Moreira, que desde 1989 expõe "uma das maiores coleções de brinquedos do mundo" em Sintra.
O museu, na vila há 26 anos, e desde 1997 num antigo quartel de bombeiros, no centro histórico, «vive muito da bilheteira», admitiu João Arbués Moreira, acrescentando que no último ano «as receitas caíram 20%».
Entre janeiro e abril deste ano, o museu registou cerca de 7.000 visitantes, contra 8.200 no mesmo período de 2013.
A quebra nas visitas atingiu as famílias, mas também as escolas, que deixaram de ter apoio para fretar autocarros para transportar as crianças.
O museu, que expõe «mais de 60.000 exemplares de diferentes brinquedos, que representam a História da Humanidade desde o século XVII aos nossos dias», recebeu já mais de 900.000 visitantes.
Face à «presente conjuntura nacional, aliada ao abandono por parte do Estado de apoios à cultura, e de Sintra», o museu «não tem a possibilidade de manter a sustentabilidade financeira da sua atividade museológica, para além do mês de agosto», anunciou hoje a fundação.
«Não se alterando esta situação, o Museu do Brinquedo de Sintra encerrará no dia 31 de agosto de 2014», acrescenta o comunicado.
João Arbués Moreira confessou ser uma decisão difícil de tomar, mas justifica-a com a necessidade de não acumular prejuízos.
Ameaçados estão sete postos de trabalho do museu, um encargo anual na ordem dos 120 mil euros.
A Câmara de Sintra ficou impedida, desde dezembro, de atribuir um subsídio mensal de cinco mil euros e de ceder gratuitamente o edifício, na sequência da nova legislação que regula o financiamento das fundações.
A fundação recusou a primeira proposta de novo protocolo com a Câmara, devido à exigência de devolução do edifício como tinha sido entregue, e aguarda por uma nova reunião ainda este mês para conhecer a posição da autarquia.
«Há uma abertura da Câmara de Lisboa para ter o museu, mas não temos mais desenvolvimentos», admitiu João Arbués Moreira, reconhecendo que em cidades como a capital ou Porto será mais fácil atrair visitantes.
Em municípios da periferia haverá sempre a necessidade de apoio para assegurar a sustentabilidade do museu.
O museu firmou em fevereiro um protocolo com a Fundação Montepio, mas o apoio financeiro em troca de condições especiais de acesso para associados da instituição mutualista revelou-se insuficiente.
«A Câmara legalmente não pode apoiar fundações. O que fizemos foi comprar entradas para as nossas escolas. Se o museu não tem viabilidade económica não podemos fazer nada», disse à Lusa o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS).
O autarca não ficou «totalmente surpreendido» com o anúncio de fecho do museu e notou que a câmara cede o edifício «por uma renda simbólica».
Basílio Horta mostrou-se disponível para analisar a situação com a fundação, mas reiterou que o município não pode prestar outro tipo de apoio, «porque a fundação é uma entidade privada».