
Manel Cruz
DR/Hugo Lima
Se ontem a noite encerrou fresca, esta tarde o calor já se fez sentir no Parque da Cidade. Respira-se primavera, quase verão, num espaço idílico como idílica - embora não para todos - foi a atuação de Antony & The Johnsons, o nova-iorquino que trouxe uma sensibilidade clássica muito sui generis ao palco principal do NOS Primavera Sound.
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O primeiro a passar por lá hoje foi Baxter Duty, o britânico que é filho de Ian Dury, mas cujo post-punk se revelou mais romântico e psicadélico que a crua energia do pai, na new age dos anos '70.
Ao cair da noite, teremos hoje no festival portuense, Damien Rice, cantautor irlandês regressado após anos de quase silêncio. A pop/indie de contornos folk que já o celebrizou faz um dos destaques no cartaz de hoje. Assim como os britânicos Ride, em certa medida, pioneiros do shoegaze, de volta para uma curta série de concertos selecionados, um deles, logo, a partir das 23:20.
Antes, às 21:40, encontro marcado com a maquinaria dos Einstürzende Neubauten, pais da música experimental, que usam maquinaria de vária ordem, incluindo berbequins. O veterano grupo de Berlim recriou, à sua maneira, os ritmos sinistros da I Guerra Mundial no recente álbum «Lament» mas é, no mínimo imprevisível, o que trazem esta noite ao Porto.
Em destaque estarão também os Underworld, que celebram vinte anos de "dubnobasswithmyheadman" e é com esse compêndio de techo e pop eletrónica que prometem abanar a vasta assistência que se prevê para hoje, em noite de encerramento da quarta edição do NOS Primavera Sound.
Destaque ainda para os Shellac de Steve Albini, power-trio fetiche deste festival por constar no cartaz desde a primeira edição, e para a norte-americana Pharmakon, certamente um dos pratos mais exóticos deste menu, pelo extremismo vocal e o noise neurótico que se adivinha.
As primeiras melodias da solarenga tarde deste sábado foram trauteadas em português (e sem contemplações) por Manel Cruz, músico da casa que perpassou várias fases do seu percurso artístico, incluindo canções dos Ornatos Violeta e Pluto. Umas dezenas de metros ao lado, no palco All Tomorrow Parties, o duo Xyloris White impressionou pelo insuspeito cruzamento do rock cru com o folk grego; bateria e alaúde apenas num diálogo experimental, meio improvisado, mas a receber os primeiros aplausos mais intensos do dia.