
O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependêcia está preocupado com o rápido surgimento de novas drogas legais ou que ainda não foram regulamentadas pelas autoridades.
Este ano já foram detectadas na Europa 39 novas drogas lícitas e contaram-se um recorde de 600 lojas na internet a vender produtos psicoactivos.
No entanto, e apesar destas preocupações, o observatório fala em sinais positivos: o consumo de drogas tradicionais como cannabis ou cocaína estabilizou ou diminuiu e o consumo de cocaína pode cair ainda mais por causa da crise: o preços elevados «podem torná-la uma opção menos atractiva nos países em que a austeridade está na ordem do dia».
Os especialistas do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependêcia revelam que o consumo de cannabis diminuiu entre os jovens e o de cocaína «já terá atingido o seu pico máximo».
Portugal surge entre os países com menor consumo de cannabis e de cocaína entre os jovens adultos, bem como de ecstasy. No último ano, 6,6% dos jovens portugueses com idades entre os 15 e 34 anos consumiram cannabis (a média europeia é de 15,2%). No caso da cocaína, a percentagem em Portugal fica-se por pouco mais de 1%.
Por outro lado, o relatório fala em novas ameaças, não apenas devido às chamadas drogas sintéticas, mas também ao «rápido surgimento de novas drogas».
Os especialistas estão preocupados com as chamadas drogas legais ou lícitas, que fogem ao controlo das polícias porque não estão previstas na lei. Estamos a falar, por exemplo, de drogas à base de ervas ou cogumelos alucinogénios.
O relatório diz que os fornecedores «reagem rapidamente às medidas de controlo impostas com novos produtos alternativos aos que são proibidos».
O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependêcia revela como «os fabricantes estão a utilizar técnicas sofisticadas para contornar a legislação destinada a impedir a difusão destes precursores». Um exemplo das novas drogas que vão surgindo no mercado são as baseadas em medicamentos reconhecidamente susceptíveis de consumo abusivo.
Os especialistas alertam que muitas destas drogas podem nem ser consideradas lícitas pois podem estar abrangidas pela legislação relativa aos medicamentos ou à segurança alimentar, pelo que a utilização da expressão «lícitas» pode «induzir os clientes em erro».
Em 2010 foi detectado um recorde de 41 novas substancias psicoactivas neste mercado, quase o dobro do ano anterior - este ano já foram 39.
Os especialistas da UE dizem que «o rápido aparecimento de novas substâncias psicoactivas não controladas (frequentemente vendidas como drogas lícitas) representa um desafio crescente».
O mais recente estudo da agência europeia, feito em Julho, detectou um recorde de 600 vendedores on-line destas chamadas «drogas legais» que ofereciam uma vasta variedade de novos produtos aos clientes.