A investigadora Maria João Valente Rosa refere que os países com maiores percentagens de mulheres a trabalhar a tempo parcial têm níveis de fecundidade mais elevados».
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Maria João Valente Rosa, investigadora da Pordata, diz que não pode estabelecer a evidência de que o aumento do horário de trabalho vai fazer diminuir a natalidade, mas sublinha que «os países mais qualificados e com maiores percentagens de mulheres a trabalhar a tempo parcial apresentam níveis de fecundidade mais elevados».
O futuro não está escrito nas estrelas, mas há uma verdade inexorável: «O envelhecimento da população é uma tendência que está praticamente imutável na população portuguesa pelo menos a médio prazo».
Maria João Valente Rosa vai apresentar com Marcelo Rebelo de Sousa o livro que reúne contributos de 56 pessoas.
"Os portugueses em 2030" traz-nos o futuro em tons de envelhecimento, sempre envelhecimento, mesmo que de repente aumentassem os níveis de fecundidade que estão em declínio.
Os números mostram que quanto maior é a escolarização mais aumenta a natalidade.
«Os países mais qualificados e que simultaneamente têm mais mulheres a trabalhar a tempo parcial apresentam de uma maneira geral níveis de fecundidade maiores», explica.
Menos horas de trabalho, mais fecundidade, a reflexão surge precisamente na altura em que em Portugal se aumenta o número de horas de trabalho na Função Pública.
«Não sei dizer se a decisão tomada vai ter algum impato direto ou não», adianta.
A investigadora não estabelece essa evidência, mas alerta para outro fator, mais horas não significam maior produtividade. Em jogo estão também, na opinião de Maria João Valente Rosa, a qualificação e formação, o que por sua vez também tem ligação com a fecundidade.
«Existe uma estrutura do mercado de trabalho português que é claramente desfavorável a esta mesma intenção», afirma.
Ou seja, a intenção de fazer filhos.