Num encontro com jornalistas em Roma, o Papa Francisco disse que quer uma Igreja despojada de riqueza e «para os pobres». O Papa recebe na segunda-feira a presidente Cristina Kirchner.
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«Como gostaria de ter uma Igreja pobre e para os pobres», disse Jorge Mario Bergoglio, numa das declarações mais marcantes do encontro com cerca de cinco mil jornalistas, em Roma.
Nesta audiência, o Papa explicou também porque escolheu o nome Francisco. Tratou-se de uma homenagem a São Francisco de Assis, o santo que simboliza a paz e o serviço aos pobres.
«Francisco é o nome da paz, e foi assim que esse nome entrou no meu coração», disse.
«Durante a eleição, eu estava ao lado do arcebispo [emérito] de São Paulo Cláudio Hummes, um grande amigo (...) Quando as coisas ficaram perigosas, ele reconfortou-me. Quando os votos atingiram os dois terços, ele abraçou-me, beijou-me e disse-me: 'Não te esqueças dos pobres'», contou o papa aos jornalistas.
«Imediatamente, em relação com os pobres, eu pensei em Francisco de Assis», disse, acrescentando que para si aquele santo é «um homem da pobreza, um homem da paz, um homem que amava e protegia a criação. Neste momento as nossas relações com a criação não vão muito bem».
Antes de explicar a escolha do seu nome, o pontífice agradeceu aos meios de comunicação pelo seu trabalho nestes dias e falou sobre a dificuldade de informar sobre os eventos da Igreja, já que «não são uma categoria mundana e por isso não são fáceis de comunicar a um público vasto e heterogéneo».
Francisco acrescentou que a comunicação deve basear-se na busca da «verdade, da bondade e da beleza» tal como faz a Igreja.
Entretanto, o gabinete de imprensa do Vaticano anunciou que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, será a primeira Chefe de Estado a ser recebida pelo Papa. Uma audiência que vai decorrer na Casa de Santa Marta.
A presidente argentina viaja para Roma para assistir à missa de entronização do pontífice, prevista para 19 de março, e na qual são esperados cerca de 150 chefes de Estado e de Governo.
Os media argentinos recordaram nos últimos dias a relação do ex-arcebispo de Buenos Aires com a presidente argentina, Cristina Kirchner, que terá sido tensa, sobretudo durante a discussão sobre a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
No dia da eleição do papa, Cristina Kirchner desejou-lhe uma «função pastoral frutuosa». «Como condutor e guia da Igreja desejamos-lhe uma tarefa pastoral frutuosa no exercício de tão grandes responsabilidades na busca da justiça, da igualdade, da fraternidade e da paz da humanidade», refere uma curta mensagem da Presidente argentina, que se afirma católica praticante.
Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito na quarta-feira como sucessor de Bento XVI, e será o 266º papa da igreja católica, tendo escolhido o nome de Francisco.