
Enquanto D. José Policarpo evitou referências diretas à crise, o Bispo do Porto falou nas graves dificuldades dos portugueses.
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O cardeal-patriarca D. José Policarpo exortou hoje os católicos, na homilia da missa de Natal na Sé de Lisboa, a estarem atentos «às buscas, às inquietações das pessoas que nos rodeiam», num momento particularmente difícil. Mas sempre sem referências diretas à situação do país.
D. José Policarpo sublinhou que, neste ano da Fé, os católicos têm a urgente missão de anunciar a esperança e a paz àqueles que ainda vivem nas "trevas".
«É grave, na nossa vida, fecharmo-nos à luz», frisou, acrescentando que o Evangelho de São João «continua a ser, hoje, uma afirmação chocante que não nos pode deixar indiferentes», ou seja «N'Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens».
Para o cardeal-patriarca, os crentes têm de «tomar a sério estas palavras e ao fazê-lo enfrentamos o drama chocante da humanidade: Ele [Jesus Cristo] continua a vir para o que é Seu, e os seus não O recebem».
Já o Bispo do Porto apelou hoje à participação ativa na cidadania comum, durante a homilia de Natal, na qual lembrou que «apesar de inegáveis esforços oficiais e particulares» a sociedade portuguesa continua atingida por graves dificuldades.
«De ontem para hoje, é em 2012 que estamos e como estamos. Poucos dirão que estamos bem, ou como gostaríamos de estar, falando em termos gerais, sociais, familiares, profissionais. Apesar de inegáveis esforços oficiais e particulares, as dificuldades atingem gravemente a sociedade portuguesa e outras sociedades também», afirmou D. Manuel Clemente durante a celebração liturgia que decorreu esta manhã na Sé do Porto.
Apelou ainda à participação responsável na «cidadania comum», frisando que a «presente situação não se ultrapassará fora de uma ordem de princípios e valores em que verdadeiramente caibam todos os homens e o homem todo».
«E não nos deixemos tolher pela magnitude dos problemas e a perplexidade que provocam», assinalou o pároco que quis recordar outros tempos e outras sociedades que passaram, e ultrapassaram, períodos igualmente difíceis.