
Lisboa, Portugal
Reuters
Cada vez menos portugueses dizem que os rendimentos dão para viver. Quase metade admite uma vida difícil, mas os níveis de felicidade não se alteraram quase nada de 2010 para 2012.
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Apesar da crise e da crescente falta de dinheiro na carteira, foi muito ligeira a queda nos níveis de felicidade dos portugueses.
É isso que revelam os resultados do Inquérito Social Europeu, um projeto que desde 2002 observa, de dois em dois anos, a fundo, a evolução social e as atitudes de quem mora no velho continente.
Rui Brites, sociólogo e professor no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), estuda há muito temas relacionados com a felicidade e chegou a esta conclusão depois de analisar o último inquérito feito em 2012 e cujas respostas foram conhecidas recentemente.
Compreende os resultados alcançados e sublinha: o bem-estar subjetivo é «muito duradouro no tempo» e não muda rapidamente apesar das fases negativas ou positivas da vida.
Apesar da resistência da felicidade, os resultados deste inquérito também revelam que são cada vez menos os portugueses que dizem que o rendimento que têm dá para viver de forma razoável ou confortável: apenas 50,8%, o resultado mais baixo desde que se fez, em 2002, o primeiro estudo deste tipo.
Pelo contrário, os resultados alcançados por Rui Brites mostram que 49,2% admite que o dinheiro que têm no bolso significa que têm uma vida difícil ou muito difícil.
Na comparação entre serviços públicos, a avaliação dos portugueses manteve-se estável quando olham para o que se passa na Educação, mas piorou bastante quando avaliam os serviços de Saúde.
É verdade que são cada vez menos os portugueses que dizem que o dinheiro que têm dá para viver mas isso afetou muito pouco a felicidade relatada.
Rui Brites sublinha que as «condições são adversas e o nível de vida piorou com o ajustamento, mas as pessoas comparam-se, vêem que há quem esteja pior, e têm capacidade de resiliência».