Rui Vieira Nery destacou a faceta de investigador do fado de José Manuel Osório, que faleceu esta quinta-feira. O Museu do Fado diz que se perdeu um «inestimável colaborador».
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O musicólogo Rui Vieira Nery destacou a dedicação ao fado que marcou a vida de José Manuel Osório, falecido esta quinta-feira, em Lisboa, aos 64 anos.
Ouvido pela TSF, este especialista lembrou que José Manuel Osório foi fadista nos finais dos anos 60 e ao longo dos anos 70, tendo mesmo ganho o Prémio Bordalo, da Casa da Imprensa, em 1970, por causa do «carácter renovador» do seu repertório.
«Era um homem que vinha da oposição democrática e que insistia em cantar um tipo de fado que não tinha nada a ver com aquela tradição mais conservadora da lírica fadista e nos últimos 15 a 20 anos dedicou-se à investigação sobre a história do fado», acrescentou.
Vieira Nery lembrou ainda que José Manuel Osório «estudou o património fonográfico do fado dos anos 50, 60 e 70», que incluem gravações das editoras Alvorada, Melodia e Radio Triunfo.
«Ele fez uma série de colecções e reedições da discografia dessa altura», a par de uma investigação de «todas as publicações periódicas do fado do princípio do séc XX».
Segundo este musicólogo, José Manuel Osório «recolheu uma grande quantidade de informação biográfica sobre fadistas da época e verificou a autoria de muitos fados que estavam mal atribuídos».
Rui Vieira Nery sublinhou ainda o facto de este trabalho ter sido feito por um homem «com problemas de saúde gravíssimos», tendo sido «um dos primeiros doentes de SIDA diagnosticados no país».
«Sempre lutou contra a doença com uma energia extraordinária, a trabalhar com uma coragem e uma alegria muito grandes. Era uma força muito grande até no próprio contexto da candidatura do fado à UNESCO. É alguém que nos vai fazer muita falta», concluiu.
Por seu lado, em comunicado, o Museu do Fado fala na perda de um «inestimável colaborador» e de a morte de José Manuel Osório ser uma «grande perda para o universo fadista».