Estudo da Quercus comparou Lisboa com Nova Iorque, uma das raras cidades onde se tinha feito um estudo deste tipo. Conclusões levantam preocupações aos ambientalistas que identificaram as zonas mais barulhentas.
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O ruído do Metropolitano de Lisboa pode fazer mal à saúde dos trabalhadores e passageiros que usam este transporte regularmente. A conclusão é de um estudo da Quercus que pede medidas de controlo como carruagens mais modernas e melhor insonorizadas.
Perante a falta de lei que defina os limites de ruído nos transportes públicos, a associação ambientalista comparou aquilo que acontece em Lisboa com um estudo feito em Nova Iorque onde existem estes limites. Os resultados mostram que na capital portuguesa o metro é bastante mais barulhento que naquela cidade norte-americana.
Mafalda Sousa, da Quercus, explica que as medições feitas nas quatro linhas do Metropolitano mostram que, tendo por base os tempos de exposição recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela agência americana de proteção ambiental, todos os percursos em Lisboa têm um nível médio de ruído superior a 80 decibéis, acima dos 75 que são o nível médio em Nova Iorque. Números que segundo os ambientalistas "podem representar um fator de risco para a saúde dos trabalhadores e passageiros (com particular incidência em alguns grupos de risco como crianças e idosos) ".
Os troços mais ruidosos são aqueles que ligam Cais do Sodré-Rossio, Cidade Universitária-Entrecampos, Senhor Roubado-Ameixoeira, Chelas-Oriente, Pontinha-Carnide e Oriente-Aeroporto. Nestes casos, os valores medidos ultrapassaram, na maioria dos casos, os 85 decibéis.
Baseando-se nas recomendações de várias organizações internacionais de saúde pública, a Quercus afirma que "a partir dos 70-75 decibéis o corpo humano começa a ter reações físicas ao ruído (físicas, mentais ou emocionais) ", pelo que "uma exposição de média-longa duração a um ruído intenso pode potenciar problemas como zumbidos nos ouvidos, aumento da produção de adrenalina, contração dos vasos sanguíneos, aumento da pressão sanguínea e do ritmo cardíaco". As consequências imediatas serão "dificuldades na comunicação, concentração, fadiga e desconforto".
Mafalda Sousa admite que a infraestrutura dos túneis do metro de Lisboa pode ser a principal causa dos elevados níveis de ruído, mas também é preciso atenção à idade das carruagens (as mais recentes são de 2000).
Perante estes resultados, a Quercus faz uma série de recomendações ao Metropolitano de Lisboa, a quem já escreveu a pedir uma reunião: é preciso apostar numa "correta insonorização do habitáculo da carruagem, rodas com melhor amortecimento e sistemas de ventilação mais silenciosos". As futuras obras para construir novos túneis devem usar materiais que absorvam o ruído.
Contactado pela TSF, o Metropolitano de Lisboa diz que, para já, não comenta pois ainda não teve acesso ao estudo da Quercus.
Apesar dos resultados, Mafalda Sousa não recomenda aos habituais passageiros do metro que deixem de usar este meio de transporte. A representante dos ambientalistas diz que este estudo é, acima de tudo, um alerta para que a administração desta empresa pública tenha atenção ao problema.