A segurança privada tem vindo a ser «progressivamente» infiltrada por grupos criminosos ligados à extorsão, tráfico de droga e de seres humanos, comércio ilegal de armas, lenocínio e auxílio à imigração ilegal, indica o Relatório Anual de Segurança Interna.
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Segundo o documento, entregue na segunda-feira na Assembleia da República, «a prática de atividades ilegais relacionadas com a segurança privada continuou, em 2013, a ser relevante no contexto da segurança interna».
O RASI adianta que a segurança privada, uma atividade que permite acesso a setores sensíveis e a espaços de diversão noturna, «tem vindo progressivamente a ser infiltrada por elementos associados a grupos criminosos de natureza muita diversa que a desvirtua».
«Há evidências de ligação à extorsão, ao tráfico de estupefacientes, ao comércio ilegal de armas, ao auxílio à imigração ilegal e ao tráfico de seres humanos e lenocínio», refere o RASI no capítulo dedicado às principais ameaças à segurança interna.
O documento adianta também que «a incorporação de capitais de origem ilícita, por parte destes grupos, nas suas atividades ilícitas tem o potencial de criar distorções de concorrência neste setor, prejudicando as empresas de segurança privada que atuam exclusivamente dentro da legalidade».
O relatório dá também conta que, em 2013, «a atuação ilegal de alguns grupos/empresas se caracterizou por um incremento do uso da violência, quer no desempenho normal das suas funções, quer na resolução de conflitos concorrentes».
O terrorismo é também apontado pelo RASI como um dos fenómenos que ocorreram no ano passado e que se apresenta como uma ameaça à segurança interna.
Segundo o relatório, surgiram em 2013 o movimento de cidadãos portugueses para palcos de jihad, em particular com destino a regiões onde a Al-Qaida e afiliadas procuram reforçar a sua posição, com destaque para a Síria e Mali.
O documento diz igualmente que «sobressaem os riscos de eventuais conexões ao nosso país de antigos elementos das estruturas operacionais de redes terroristas separatistas ou revolucionárias - ainda que desativadas - designadamente através da utilização de Portugal como local de retaguarda de células que se encontrem adormecidas».
Portugal permaneceu, no ano passado, com «significativo potencial de atratividade» para o crime organizado, em especial no que se refere à utilização das fronteiras nacionais para a introdução de produtos ilícitos destinados aos mercados europeus.
Ainda sobre as principais ameaças à segurança interna, o RASI destaca o aumento de atividades no âmbito da economia paralela face à atual conjuntura económica e social, realçando práticas reiteradas de fraude e evasão fiscal que, em 2013, «comprometeram, de forma muito significativa, as receitas do Estado».
De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna, a criminalidade violenta e grave desceu 9,5 por cento, em 2013, e a criminalidade geral diminuiu 6,9 por cento.
No total, a PSP, GNR e Polícia Judiciária receberam 368.452 participações no ano passado, menos 27.375 que em 2012.
No que se refere à criminalidade violenta e grave, as autoridades receberam 20.147 denúncias, menos 2.123.