
No Dia Mundial do Teatro, que se assinala hoje, há uma mensagem patrocinada pela UNESCO para assinalar a data. A prosa foi entregue a um dramaturgo sul-africano, que não esteve com meias-tintas e convocou uma reflexão critica, sem jogos de sombras, sobre o papel dessa arte.
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São perguntas para dentro. Uma introspecção, uma pausa para pensar no mundo e no teatro que o representa. «O irreprimível espírito da representação»,diz Brett Bailey, «manifesta-se onde quer que haja uma sociedade, num tempo em que milhões de pessoas lutam pela sobrevivência, vítimas de regimes opressivos e de um capitalismo predador».
«Num tempo em que a nossa privacidade é invadida pelos serviços secretos e as palavras são censuradas por governos intrusivos», prossegue.
Dramaturgo, encenador, designer, artista plástico, director da companhia Third World Bunfight, o sul-africano Brett Bailey reflete sobre um mundo onde o poder é desigual, onde várias hegemonias tentam convencer-nos de que uma nação, uma raça, um género, uma preferência sexual, uma religião, uma ideologia, um quadro cultural é superior aos outros.
«Será que é mesmo defensável insistir que as artes sejam banidas das agendas sociais?», questiona.
«Será que os artistas do palco agem em conformidade com as exigências dos mercados higienizados? », interroga.
«Ou será que estão os artistas a aproveitar o poder que têm para unir as pessoas e criar um mundo de esperança e de colaboração sincera?»