Uma centena e meia de artistas de todo o mundo, incluindo quatro portugueses, estão a fazer de Erriadh, situada na ilha de Djerba, Tunísia, um museu a céu aberto, numa iniciativa da galeria francesa Itinerrance.
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"Djerbahood", o projeto que, de acordo com a organização, «ambiciona ser um verdadeiro e único museu a céu aberto», e que conta com a participação de 150 artistas de todo o mundo, inaugurou na vila de Erriadh a 01 de agosto.
Entre os participantes no projeto estão quatro artistas portugueses - Mário Belém, Addfuel, Pantónio e Arraiano -- que estiveram em Erriadh entre 07 e 15 de julho.
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Os quatro foram escolhidos por Lara Seixo Rodrigues, do Festival de Arte Urbana da Covilhã - Wool, "para deixarem a sua marca distintiva num projeto artístico único", referiu a própria em declarações à Lusa.
Diogo Machado, que assina como Addfuel, contou à Lusa que deixou nas paredes de Erriadh «três pinturas distintas».
«Tive a oportunidade de preparar vários stencils [moldes] para levar, no seguimento do trabalho que tenho vindo a desenvolver com base na numa reinterpretação contemporânea da azulejaria portuguesa, mas neste caso especifico adaptado à cerâmica e padronização tunisina», disse.
Um dos trabalhos ficou naquela que foi «a primeira mesquita da vila, que posteriormente foi uma escola judaica e que de momento é um edifício abandonado, mas com bastante significado para a vila».
O outro, na casa de uma família, «que estava em preparações para um casamento». A família gostou tanto do trabalho de Addfuel que até o convidou para o casamento.
A terceira e última peça ficou num arco da vila. «Para esta peça houve comentários como 'parece que sempre esteve aqui', o que é para mim foi bastante interessante porque gosto de trabalhar o stencil não só como (mais) uma pintura mas também como parte integrante da parede que está a ser pintada», referiu.
Mário Belém ofereceu a Erriadh duas pinturas: "'L'Artiste', que mostra um senhor a pintar um friso com um padrão típico de Djerba", e "'Mobilette', onde um pai anda de mota com os seus dois filhos".
Mário Belém classifica a experiência como «brilhante». "Não há nada como estarmos fora do nosso elemento de conforto para despertar a nossa criatividade", disse.
Já Arraiano aproveitou para, em Djerba, dar continuidade ao projeto "Emotional Landscapes", «que funciona entre a dualidade do espaço galeria (sob forma de pintura, vídeo instalação ou fotografia) e espaço público funcionando aqui como 'acupunctura urbana'», explicou.
A experiência em Djerba foi, para este artista, "bastante intensa, curiosa e interessante no plano pessoal e profissional".
«As temperaturas elevadas, a dificuldade de comunicação, o ter de respeitar as regras do Ramadão, não podendo sequer comer ou beber água em espaço público, e as dificuldades de produção, visto as condicionantes do local, tudo isto contribuiu para um maior desafio na execução da peça», relatou.
Lara Seixo Rodrigues foi desafiada a participar no projeto pela Galerie Itinerrance, de Paris, responsável também pelo Tour13, no qual participaram mais de cem artistas urbanos, entre os quais onze portugueses, que «ocuparam» um prédio de dez andares, entretanto demolido, na capital francesa.
Até ao final de agosto passarão por Erriadh artistas de países como o Brasil, Japão, China, Marrocos, Arábia Saudita, Austrália, Reino Unido ou Espanha, a quem «foi pedida a execução de um (ou mais) trabalho artístico original, tendo em conta a autenticidade e especificidade do ambiente local, procurando sempre uma valorização estética do mesmo».