
TSF
Chama-se Mariza, mas diz-se Maria Pia, e tem 25 anos. No dia em que arranca em Lisboa o 6º Congresso de Estudantes Estrangeiros de Medicina, conhecemos esta eslovena que está a terminar o curso na Faculdade de Medicina do Porto.
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No princípio foi uma viagem. Foi em férias que se encantou com o país e com a língua: «Apaixonei-me por Portugal há uns anos quando a minha família cá passou férias. As pessoas são tão simpáticas! E também adorei a língua».
E a língua que cá ouviu não lhe saiu da cabeça, e de volta à Eslovénia voltou a cruzar-se com ela, mas com outro sotaque: «Eu treinei capoeira durante seis anos, e o mestre era brasileiro. Por isso habituei-me aquele sotaque, mas o de cá é completamente diferente! No início não fazia a mínima ideia do que estavam a dizer (risos)».
Temos portanto, Mariza, que a escolha de Portugal e o do Porto foi porque é bonito, tem gente simpática e música nas palavras? «Não, não, não !!».
Não, também foi por isso, mas sobretudo pelo que viu na internet e o que lhe disseram de bem outros estudantes eslovenos sobre a faculdade de medicina do Porto. «Era tudo tão bom que decidi por ela».
Mariza está cá desde setembro. O diagnóstico, confirma-se? Diz que sim, que gosta muito porque os professores tem com os internos uma relação muito próxima, empenhada, de igual para igual, exigente mas motivante.
«Eles incluem-nos no seu trabalho, temos motivação para estudar. Não precisam mandar-nos ler da página tal à página tal. Nós fazemo-lo porque queremos aprender sobre aquele caso a que eles dedicam tanto trabalho. Temos motivação para o fazer».
No ano que vem, concluído o sexto e último da faculdade, a jovem eslovena quer ficar e estudar medicina desportiva. Depois, não sabe se faz as malas. A sério? Com tantas más noticias sobre hospitais, urgências e jovens médicos mal pagos?
Sim, ela está consciente das dificuldades. .Mas também diz que com jeitinho se consegue viver numa cidade como o Porto, onde o custo de vida até não é muito alto. E depois, na terra dela a coisa também não está famosa. «Não estou certa que na Eslovénia seja melhor. Também há muitos médicos e baixos salários. Depois, uma cidade como o porto nem é muito cara, pode viver-se mesmo sem ganhar muito».
Com um bocadinho de ginástica, é possível. A mesma que, apesar do afeto, a eslovena ainda tem que fazer para se expressar em português. Fica Mariza, que chegas lá.