Vaticano: Porta-voz critica «maledicência» e «calúnias» de notícias que falam do lóbi 'gay'
O porta-voz do Vaticano criticou hoje as notícias que falam de intrigas na Santa Sé e da existência de um lóbi 'gay', classificando-as como «maledicência, desinformação e calúnia», numa entrevista à Rádio Vaticano.
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«Há quem procure aproveitar-se de um momento de surpresa e desorientação» depois da demissão histórica anunciada pelo papa Bento XVI «para semear a confusão e lançar o descrédito sobre a Igreja e o seu governo», denunciou o padre Federico Lombardi, considerando tratar-se de «pressões inaceitáveis» sobre o conclave que vai eleger o próximo papa.
«Não estamos a sofrer, felizmente, a dor da morte de um papa amado, mas não somos poupados a outra provação: a multiplicação das pressões e das considerações estranhas ao espírito que a Igreja quer viver nesta altura de expectativa e preparação», continuou o responsável.
A imprensa italiana despertou a polémica esta semana, evocando a presença de um lóbi 'gay' no seio do Vaticano que estaria a ser vítima da chantagem de leigos aos quais estariam ligados por laços de «natureza mundana».
Estes jornais, que estão a fazer - segundo os seus próprios termos - «reconstruções" do inquérito conduzido por três cardeais sobre o escândalo "Vatileaks"», apontam igualmente intrigas ligadas às finanças da Santa Sé.
«Quem põe o dinheiro, sexo e poder à frente de tudo e está habituado a olhar as diversas realidades segundo esses critérios não é capaz de ver outra coisa, nem mesmo a Igreja, porque o seu olhar não é capaz de erguer-se para o alto ou mergulhar nas profundezas das motivações espirituais da existência», prosseguiu o porta-voz.
Após rebentar o escândalo do "Vatileaks", no ano passado, o mordomo do papa, Paolo Gabriele, foi considerado culpado de ter entregado à comunicação social documentos ultra-confidenciais, condenado e posteriormente indultado por Bento XVI, mas permanecem dúvidas sobre quem esteve por trás da fuga.
Segundo os especialistas, a fuga de documentos pode ter sido utilizada para afastar rivais no seio da cúria, o governo do Vaticano.
O fenómeno pode repetir-se agora que se aproxima a data do conclave, para influenciar a escolha do novo papa.
Após a resignação histórica de Joseph Ratzinger, que se concretizará a 28 de fevereiro, deve reunir-se o conclave de cardeais, em data ainda não definida, mas provavelmente antes de 02 de março, para eleger o seu sucessor.