O Governo prepara uma mudança na legislação das smartshops, esperando que a lei esteja em funcionamento no início do próximo ano. Os jovens são os principais consumidores destas substâncias, cujos riscos, alertam os especialistas, são acrescidos. Só nos últimos dois meses, cerca de 30 pessoas receberam assistência nos hospitais.
Corpo do artigo
Para tentar perceber este fenómeno, a TSF dedicou o dia às smartshops, começando por se centrar na lei que aí vem, naquilo que a motivou e nas consequências para a saúde causadas por estas novas substâncias psicoativas, designadas pelos especialistas por "nsp's".
Para tal, conversou com o secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, sobre a mudança na legislação das smartshops, que se encontra já na reta final.
Leal da Costa referiu que o Governo quer encerrar as smartshops onde se vendem estes produtos, apesar de salientar que não é pelo facto de estas drogas serem proibidas que elas deixam de ser vendidas.
Para conhecer melhor esta realidade, a TSF fez uma visita à smartshop Wonderland, no Príncipe Real, em Lisboa. O dono - jurista - concorda com a criação de uma lei, defendendo que é preciso separar o «trigo do joio».
A Direção Geral de Saúde (DGS) revelou, entretanto, que, nos últimos dois meses, cerca de 30 pessoas já receberam assistência nos hospitais devido ao consumo de novas drogas.
Por outro lado, calcula-se que em Portugal, existam cerca de 40 smartshops. Estão espalhadas um pouco por todo o país, com especial relevo em Lisboa e Porto.
Em Trás-os-Montes, a TSF foi atrás de um caso de uma estudante do Ensino Superior de Bragança, que consumiu estas drogas com os amigos e cujas as reações foram diferentes de pessoa para pessoa.
Nesta cidade, não existe nenhuma smartshop. Quem lá vive, desloca-se a Vila Real ou ao Porto. Em Viseu, a TSF foi conhecer uma destas lojas, onde os clientes fazem fila.
Na Madeira, as autoridades colocaram em vigor um decreto que obrigou ao encerramento de todas as smartshops, uma medida que já está a ter resultados.
A TSF procurou também saber se é possível estabelecer uma relação de causa-efeito entre a crise e o aumento do consumo de heroína e do álcool - as drogas mais associadas a depressões.
O diretor-geral do SICAD, João Goulão, foi peremtório: o consumo de heroína e álcool estão a aumentar em Portugal e a culpa é da crise.
A TSF falou ainda com o psicólogo Paulo Jesus, que indicou que tem havido muita especulação à volta do tema das smartshops.