O número de casos de violência doméstica aumenta no verão devido ao maior convivência entre casais, defende o diretor-executivo da Associação de Apoio à Vítima, que sublinha a agressividade crescente e a contribuição da crise para os atritos.
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«Há convicção de quem está no terreno que no verão, a partir do momento em que há maior convivência, acaba por acontecer a violência», afirmou à Lusa João Lázaro.
A subida dos números no verão pode explicar-se «por haver mais tempo do agressor e da vítima em casa e daí haver mais violência», avança o responsável da APAV, adiantando que a crise também contribui para o problema.
Ainda que não exista uma relação causa-efeito, a crise financeira também pode levar a violência, referiu João Lázaro, lembrando que «a pressão económica e a falta de trabalho são situações que podem proporcionar mais um fator que leva à agressão e aos atritos».
Um relatório realizado pelo Observatório das Mulheres Assassinadas, e hoje citado pelo DN, indica que, só no primeiro semestre deste ano, foram mortas 20 mulheres em contexto conjugal.
Ouvida pelo jornal, a psicóloga Cecília Loureiro, colaboradora da União de Mulheres Alternativa e Resposta referiu que «20 casos no primeiro semestre deste ano é muito se considerarmos que em todo o ano de 2011 houve 27 mulheres assassinadas, segundo o Observatório».
O diretor executivo da APAV admite que a subida «é preocupante», mas sublinha um outro fenómeno: o aumento da violência dos crimes.
«Os crimes estão a tornar-se mais violentos, as metodologias estão mais violentas e isso reflete-se na área da violência doméstica», disse.
«Assim como a criminalidade violenta de assaltos utiliza novos meios e metodologias, atualmente vê-se um grau maior de sofisticação - se assim se pode dizer - nos meios utilizados» na violência doméstica, explicou João Lázaro.
Aumento da violência que pode passar pelas armas usadas - «seja armas brancas quer de toalhas molhadas retorcidas» - mas também pelos métodos de agressão.