Em comunhão de trabalhos académicos, um casal - ela professora no Politécnico de Viseu e ele vereador e presidente da concelhia do PSD - apresentou teses de mestrado semelhantes no ISCTE.
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Ambos apresentaram, com três anos de diferença, uma tese de mestrado no Instituto Superior de Ciências do Trabalho (ISCTE, que as tem disponíveis na biblioteca.
A TSF consultou as duas teses apresentadas e notou demasiadas semelhanças entre os documentos. As teses apresentam, desde logo, o mesmo tema: o marketing das cidades aplicado ao caso de Viseu.
As duas teses serviram para obtenção do grau de mestre. A primeira foi entregue pela professora, em 2003. Três anos depois, Guilherme Almeida, que também preside à concelhia de Viseu do PSD, submetia a segunda tese.
O vereador utilizou a mesma bibliografia, que aumentou, e citou a própria mulher, mas num outro trabalho, publicado em 2004. No entanto, as semelhanças entre as duas teses são notórias: ideias, títulos, extensos parágrafos e até páginas completas são partilhados entre as teses que têm a mesma conclusão: Viseu deve desenvolver o turismo sénior, de eventos e congressos.
Ouvido pela TSF Guilherme Almeida, que não quis gravar declarações, assume que possa ter cometido algum lapso nas citações mas garante que defendeu a sua tese, perante um júri qualificado.
O vereador diz também que as teses são completamente diferentes nos temas abordados, nos objetivos e nas conclusões.
O Politécnico de Viseu não quis prestar esclarecimentos. Já o ISCTE não se mostrou disponível para explicar a coincidência entre os dois trabalhos.
Nada que surpreenda Aurora Teixeira, docente da faculdade de Economia do Porto e estudiosa do fenómeno do plágio. Esta académica sustenta que a recusa em dar explicações só agrava o problema.
Já a Sociedade Portuguesa de Autores lembra que plágio é crime. Lucas Serra, assessor da administração, conta que na maior parte das situações de plágio, os infratores têm a percepção da ilegalidade.
Contactada pela TSF, a Inspecção-geral da Educação diz não poder comentar casos específicos mas reconhece que tem sido solicitada para intervir na instrução da investigação de denúncias de plágio.
Ainda assim, salienta que cabe às autoridades académicas tomar a decisão final e lembra que nos casos confirmados de plágio é obrigatória a participação ao Ministério Público. Nos últimos a IGEC interveio em seis casos.