"Ultrapassa o banditismo." Vereador de Paris acredita que Louvre foi alvo de assalto "profissional" a pedido de "colecionadores"
Em declarações à TSF, Hermano Sanches Ruivo refere que as joias roubadas têm um valor incalculável e, por isso, "não podem ser vendidas"
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O assalto deste domingo ao Museu do Louvre, em Paris, só poderá ser obra de "profissionais", no cumprimento de um "contrato com colecionadores privados". A ideia é deixada na TSF pelo luso-francês Hermano Sanches Ruivo, vereador da Câmara de Paris. Em apenas sete minutos, um grupo de três assaltantes conseguiu entrar na Galeria de Apolo, onde se encontram algumas das peças mais preciosas da coleção de joias do museu, roubando um espólio de valor “inestimável”.
"O que aconteceu tem muito a ver com uma preparação muito acima da média e de profissionais. Além do trabalho de análise prévia dessa galeria, que é muito particular porque é onde estão as joias das coroas, poderá também ter havido alguma cumplicidade", considera Hermano Sanches Ruivo, em declarações à TSF.
O vereador sublinha que as joias roubadas têm um valor incalculável e, por isso, "não podem ser vendidas". "Estamos a falar de algo que ultrapassa o banditismo, mas tem mais a ver, provavelmente, com o contrato com os colecionadores privados", argumenta, sublinhando que as próximas horas são decisivas.
Hermano Sanches Ruivo lembra também o último assalto ao Louvre, em 1998, em que o assaltante e a pintura roubada nunca foram encontrados, para dizer que "o número de horas que passam sobre o roubo são muito importantes".
"É nesse espaço de tempo que se pode recuperar, identificar, analisar comportamentos e eventualmente conseguir apanhar quem roubou. É algo muito difícil, tendo em conta as peças", refere.
O luso-francês reconhece que o tema da segurança relativamente aos museus vai ocupar o espaço público nos próximos tempos. No entanto, Hermano Sanches Ruivo assinala que o tempo do assalto (sete minutos) muito dificilmente permitiria alertar as autoridades em tempo útil.
"É preciso compreender que, embora haja muita crítica sobre a questão da segurança dos museus e destes estabelecimentos, a Câmara de Paris, por exemplo, participa também no Conselho de Administração e nos Conselhos de Segurança dos estabelecimentos, como, por exemplo, o Museu do Louvre. É verdade que vai sempre haver a possibilidade de uma falha de segurança, numa altura em que os meios utilizados para preparar este tipo de assalto são mais consequentes. E sete minutos é simplesmente o tempo necessário e indispensável para que qualquer alerta que seja dado não traga a polícia ou a segurança tão rapidamente, é um tempo mínimo", acrescenta.
Após o assalto, o Museu do Louvre foi imediatamente fechado ao público e um vasto dispositivo policial foi mobilizado para a zona. O Ministério Público de Paris anunciou a abertura de um inquérito por “roubo em bando organizado” e “associação criminosa”, confiado à Brigada de Repressão do Banditismo (BRB), com o apoio do Gabinete Central de Luta contra o Tráfico de Bens Culturais (OCBC). “O prejuízo está em fase de avaliação e as investigações estão em curso”, precisou o Ministério Público em comunicado.
Além do prejuízo material, este assalto representa um golpe simbólico no coração do património francês. O assalto levanta o debate sobre a segurança das instituições culturais, num contexto de restrições orçamentais e de aumento do tráfico internacional de obras de arte.
