Sociedade

"O casamento homossexual trouxe oportunidades de negócio para Portugal"

jnlx08012010bc Parlamento aprova casamento entre pessoas do mesmo sexo casamento homossexual Festejos no exterior do Parlamento Bruno Simoes Castanheira Bruno Simões Castanheira

No dia em que a Variações - Associação de Comércio e Turismo LGBTI de Portugal assinala o primeiro aniversário, o diretor Diogo Vieira da Silva lembra que o turismo LGBTI é mais lucrativo que o convencional e defende que o país tem tudo para crescer neste setor.

Ainda há um longo caminho a percorrer, mas o diretor executivo da Variações - Associação de Comércio e Turismo LGBTI de Portugal considera que Portugal é cada vez mais um destino turístico LGBTI (Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual e Intersexual). A associação foi criada há um ano e junta empresário e empresas que pretendem promover o setor do turismo e do comércio para a comunidade LGBTI.

Diogo Vieira da Silva revela que, neste primeiro ano, foram muitos os empresários e empresas que se juntaram, não só dentro dos centros urbanos. Atualmente, a Variações tem já mais de 50 empresas associadas.

A organização da Eurovisão, "um dos eventos que atrai mais população LGBTI", foi um marco importante para o país, que cada vez mais se afirma como um destino turístico LGBTI. "Há dois fatores importantes: primeiro, uma questão de Direitos Humanos, o posicionamento de Portugal enquanto destino tolerante, que legalmente e a nível social recebe bem os outros e a diferença dos outros (que ainda não é conhecido lá fora); e, depois, temos a segunda vertente, que também é muito importante, que é uma vertente económica e de faturação".

Diogo lembra que as Nações Unidas referem num relatório que o turismo LGBTI é 25% mais lucrativo do que o convencional. "São viajantes que gastam mais, procuram mais cultura, mais conceitos de qualidade... e é exatamente esta a estratégia que Portugal quer seguir".

Promover Portugal como um destino turístico LGBTI é, aliás, um objetivo que faz parte da estratégia de turismo para a década criada pelo governo em setembro de 2017.

O diretor da Variações revela que, em breve, vai ser lançada a primeira campanha internacional para promover o país junto das comunidades LGBTI no estrangeiro. "Proudly Portugal" (em português, "Orgulhosamente Portugal") é o nome da campanha.

Diogo Vieira da Silva considera que as alterações na lei portuguesa no campo dos Direitos Humanos, permitindo, por exemplo, o casamento homossexual, vieram afirmar Portugal no estrangeiro como um país tolerante e trouxeram também oportunidades de negócio.

"Um exemplo, que ainda não é muito explorado, são os casamentos LGBTI de pessoas estrangeiras. Portugal é um dos poucos países na Europa que aceita o casamento de não-nacionais e reconhece esse casamento no seu enquadramento legal. Há muitos casais italianos e israelitas que veem a Portugal contrair matrimónio porque o estado português reconhece". Em Espanha, por exemplo, um dos cônjuges tem de ter nacionalidade ou cidadania espanhola. "Está a surgir um novo mercado em Portugal, do matrimónio LGBTI".

O EuroPride, o maior evento LGBTI da Europa, pode ser um contributo importante. Na próxima sexta-feira, dia 18, Portugal vai avançar com a candidatura para receber o evento em 2022.

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Joana Carvalho Reis