Miguel Cadilhe mostrou, esta quinta-feira no Parlamento, acreditar que a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) não foi inocente. O antigo presidente do banco considerou ainda que houve uma grave falha de supervisão bancária.
Miguel Cadilhe mostrou que não vê nenhuma razão económica ou financeira para a nacionalização daquele banco.
«Não excluo que haja motivações que não tenho que identificar. Cada um fará a sua leitura», disse Miguel Cadilhe, perante os deputados da comissão parlamentar de inquérito ao caso BPN.
O antigo presidente do Banco Português de Negócios acusou ainda o Governo de nacionalizar o banco quando o conselho de administração da entidade bancária «começou a identificar responsáveis e a entregá-los à justiça».
Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças, lançou várias críticas ao Governo, nomeadamente ao ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, por ter rejeitado a proposta alternativa à nacionalização que foi apresentada pela sua equipa de administração.
  
«Contrariamente ao que foi afirmado pelo Governo, a nossa proposta não ia pendurar-se no dinheiro dos contribuintes, contrapôs.
O antigo responsável do BPN apontou ainda várias críticas ao Banco de Portugal, afirmando que «houve grave e demorada falha de supervisão bancária em Portugal».
Nas declarações que prestou aos deputados, Cadilhe entrou em contradição com aquilo que foi dito pelo governador do Banco de Portugal: depois de Vitor Constâncio ter dito no Parlamento que tinha sido o banco central a avançar com a primeira auditoria externa, Cadilhe veio agora garantir que essa auditoria foi uma iniciativa da sua equipa.
Além disso, Cadilhe disse que foi ele quem descobriu os buracos financeiros no BPN, contrariando assim o decreto de nacionalização do banco, segundo o qual as irregularidades foram detectadas pelo Banco de Portugal.
Entretanto, a TSF tentou sem sucesso obter uma reacção a estas declarações de Miguel Cadilhe junto do Banco de Portugal e do Ministério das Finanças.