Economia

CGTP denuncia 1600 despedimentos em poucos dias. É "apenas uma amostra"

Rui Oliveira/Global Imagens

Cantinas das escolas primárias de Sintra, Continental e restaurantes do Chef Kiko são alguns dos casos de entidades a despedir, A intersindical alerta para abusos e garante que esta é apenas uma amostra.

Calçado, têxtil, indústria auto, e até cantinas escolares. A CGTP recebeu, nos últimos dias, informação acerca de 1600 despedimentos em empresas de múltiplos setores, para além de vagas de cortes de postos de trabalho ainda não contabilizadas. A intersindical avisa que os abusos laborais por causa das consequências da pandemia estão a proliferar.

Num documento ao qual a TSF teve acesso, a intersindical elenca aquilo a que chama "uma amostra" do que esta a acontecer no país, composta por situações que a organização considera ilegais ou de abuso, A lista elaborada pela CGTP seguiu para a Autoridade para as Condições do Trabalho e para a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Há 200 destes despedimentos que acontecem devido, de forma indireta, ao fecho das escolas: as cantinas das escolas primárias de Sintra despediram 200 pessoas contratadas através de empresas de trabalho temporário.

O mercado de Algés, no concelho de Oeiras, colocou 15 pessoas na rua que tinham contrato a prazo. Os outros, garante a CGTP, "foram obrigados a aceitar férias". "Ao serviço mantém-se sete funcionários que estão a ser obrigados a fazer jornada de trabalho continuo de 13 horas diárias, alguns sem direito a pausa para alimentação"., lê-se no documento interno.

As vítimas mais comuns nesta vaga são os trabalhadores com vínculos precários, incluindo os contratados através de empresas de trabalho temporário. Fica a lista:

Continental Mabor - 200 despedimentos

Coindu - 300 despedimentos

Martifer e CNM (consórcio de Sines) - 90 despedimentos

Restaurantes do chef Kiko - 100 trabalhadores com vínculo precário "despedidos, obrigados a assinar rescisão de contrato e ainda recibo de quitação de contas".

Sonafi - 150 despedimentos

Hutchinson - 90 despedimentos

Fico Cables - 70 despedimentos

Carl Zeiss - 50 despedimentos

Sunviauto - 150 despedimentos

Visteon - 50 despedimentos

Plasfill - 130 despedimentos

A CGTP garante ainda que há muito mais despedimentos em curso, embora ainda não contabilizados:

Ecco - trabalhadores contratados a termo despedidos

Rodiro calçado - trabalhadores contratados a termo despedidos

Lacoste - despedidos todos os trabalhadores em período experimental. Contratados a prazo foram informados que não veriam o seu contrato renovado.

Ok Sofas - trabalhadores em período experimental despedidos

Nokia Horizonte ICA - foram encerrados o refeitório e a cafetaria, o que levou a que os "trabalhadores subcontratados a empresas de trabalho temporário tenham sido despedidos, e os trabalhadores com contratos com a ICA coagidos a tirar férias".

Para além destes casos, a intersindical denuncia ainda casos de encerramentos e "alterações na laboração, forçando os trabalhadores ao gozo de férias na Fábrica de calçado Dura, ERT, Têxtil Andre, Amaral, Gradil, Lanifato. Mendes e Leal, Essilor óptica, Sonafi, Simoldes Plásticos, Aptiv, Leica, Vista Alegre, Benetton, Sport Zone, Gato Preto, Tiffosi, Faurecia Metal, DHL Palmela, Lojas Chicco, Delphingen, Cervejarias Portugália.

A CGTP denuncia ainda casos como o da Lidyvest Confecções, que "pressiona trabalhadores a rescindir contratos de trabalho" e o da Klavness, que no relato da intersindical "obriga os trabalhadores a terem uma semana de férias alternada com uma semana de trabalho".

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