Política

"Seria um sinal errado retirar o estado de emergência. Não podemos começar a aliviar"

António Costa Carlos Costa/AFP

Primeiro-ministro diz ficar surpreendido se Marcelo Rebelo de Sousa propuser a revogação do estado de emergência.

António Costa avisa que o fim de semana da Páscoa é "absolutamente fundamental" e que "não podemos estragar aquilo que já conseguimos.

Em entrevista ao programa "Você na TV!", esta manhã na TVI, o primeiro-ministro lembrou que estes dias são um teste muito importante e que "quanto mais rigorosos formos agora mais depressa saímos disto."

Sobre o prolongamento do estado de emergência, Costa lembra que a decisão cabe ao Presidente da República, mas avisa que "seria um sinal errado ao país se fosse retirado o estado de emergência. Não podemos começar a aliviar."

O primeiro-ministro lembra que é preciso continuar a cumprir as restrições porque os casos continuamos a aumentar: "todos os dias estamos a ter mais pessoas infetadas, há uma discussão que é saber se já chegamos ao chamado planalto, mas não estamos ainda a descer para o sopé".

Questionado sobre eventuais falhas na prevenção e se a Direção-Geral da Saúde desvalorizou o problema, António Costa admite que "se soubéssemos em dezembro o que sabemos hoje tínhamos agido mais cedo", mas sublinha que só se podem tomar decisões com base nas informações disponíveis.

Costa sobre Boris Johnson

O chefe do Governo lembra a pandemia é dinâmica e que a evolução já levou a varias mudanças de opinião, dando o exemplo de Boris Johnson: "O meu colega britânico acabou ele próprio nos cuidados intensivos."

Sobre o impacto económico da pandemia, António Costa diz que "a austeridade só complicaria" e lembra que a prioridade é sermos contidos e disciplinados para resolver as questões de saúde, de forma a estancar os os problemas financeiros e económicos das famílias e empresas.

Apesar do otimismo que é característico, António Costa é perentório em relação a uma segunda vaga da pandemia: "eu aí sou pessimista, acho que vai surgir". O primeiro-ministro avisa que só quando for encontrada uma vacina é que o problema vai acalmar e acredita que o próximo inverno será mais calmo.

Questionado sobre se já tinha feito o teste à Covid-19, o primeiro-ministro diz que não e justifica: "não tenho sintomas e não estando em contacto com grupos de risco não vou estar a fazer um teste que satisfaz fugazmente a minha curiosidade."

Costa deixou ainda elogios aos profissionais de saúde e aos professores e saudou a resiliência dos portugueses.

Sobre os elogios internacionais ao caso português, considerado um fenómeno positivo entre os países latinos, o primeiro-ministro lembrou que o resultado é fruto do esforço conjunto do país e deixou uma mensagem aos portugueses: "Que vivam esta Páscoa com o mesmo espírito de sempre e percebam que a melhor forma de estamos juntos é estarmos separados. Se o fizermos bem a próxima Páscoa será melhor."

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