O "arquiteto" do plano de combate à Covid-19 na Suécia admitiu que poderia ter tomado outras opções e salvado muitas vidas no país.
O país que fez manchetes pelo mundo pela sua abordagem ímpar à pandemia do novo coronavírus está novamente nas bocas do mundo, mas, desta vez, para dizer que, se pudesse... teria feito diferente.
A Suécia, que no passado criticou outros países por optarem por confinamentos muito restritivos, vem agora confessar que poderia ter feito mais para evitar o elevado número de mortes, e pela voz daquele que é conhecido como o "arquiteto" do plano de combate à pandemia no país.
Anders Tegnell, responsável pelo controlo da Covid-19 na Suécia, admitiu que a abordagem adotada pela Suécia resultou em demasiadas mortes e que deveria ter feito mais para evitar a disseminação do vírus.
Em entrevista à emissora de rádio pública sueca, o epidemiologista afirmou que, "obviamente, havia um potencial para melhorar as medidas tomadas" na Suécia.
Enquanto o resto do mundo se trancava em casa, para tentar evitar a propagação do novo coronavírus e poupar os sistemas de saúde (uma estratégia que, na altura, Tegnell criticou por "não ser sustentável"), a Suécia decidiu confiar no "sentido de dever cívico" dos cidadãos, tendo imposto apenas algumas restrições, como o encerramento das escolas secundárias e a proibição de ajuntamentos de mais de 50 pessoas. Estabelecimentos como lojas, restaurantes e ginásios permaneceram abertos durante todo o período crítico da pandemia.
Esta opção não teve, contudo, o sucesso desejado - e foi alvo de duras críticas por muitos especialistas suecos. Na semana que antecedeu o início do mês de junho, a Suécia teve a maior taxa de mortes per capita de todo o mundo - 2,29 mortes por milhão de habitantes -, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
Também uma ideia de "imunidade de grupo" - que, note-se, não foi assumida como objetivo pelo Governo sueco - não terá sido concretizada, uma vez que um estudo realizado no último mês, citado pelo The Guardian, apontava que apenas 7,3% da população de Estocolmo, capital da Suécia, teria desenvolvido anticorpos contra o novo coronavírus.
"Se soubesse o que sabemos hoje e voltasse a encontrar a esta doença, escolheria uma abordagem entre aquela adotada pela Suécia e aquilo que o resto do mundo fez", confessou Anders Tegnell. "Seria bom saber exatamente que serviços fechar para limitar a disseminação da infeção."
Após pressão da oposição, o Governo sueco garantiu, esta semana, que irá criar uma comissão para avaliar a estratégia contra a Covid-19 delineada no país.
A Suécia regista, atualmente, 38589 casos de infeção e 4468 mortes por coronavírus.