As amêndoas tradicionais de Portalegre são, há mais de 40 anos, fabricadas pela família Vintém. Este ano, a produção não irá além dos 200 quilos, muito longe da tonelada e meia habitual.
A pouco mais de um mês da Páscoa, as produções artesanais de amêndoa apresentam quebras acentuadas devido à pandemia. É o caso das amêndoas tradicionais de Portalegre, que há mais de 40 anos são fabricadas pela família Vintém.
Tal como aconteceu em 2020, este ano só há amêndoas por encomenda porque, como explicou José Júlio Vintém à TSF, a quebra na produção muito grande.
"Estamos à espera de ter uma quebra parecida com a do ano passado, devido à pandemia: 75%", adianta, numa altura em que o negócio está a produzir "muito menos" do que habitualmente produz.
"Neste momento, produzimos por encomenda, porque a empresa é muito pequena e nós não temos capacidade de produzir para não vender", reconhece José Júlio Vintém.
O empresário garante que, este ano, as compras serão mais escassas, não ultrapassando os 200 kg de amêndoas, "o que antigamente era impensável". A empresa chegou a encomendar uma tonelada e meia do fruto seco nesta época.
O representante do negócio lembra que a família produz as amêndoas de forma artesanal, à moda antiga, em contraste com os grandes industriais. Uma porção de 80 kg de amêndoas que chegam ao consumidor leva quatro horas a fabricar. Segue-se o arrefecimento e embalamento, pelo que o processo demora um dia inteiro.
José Júlio Vintém lamenta, por isso, a falta de apoio do Estado a este tipo de negócio. "Sendo os produtores de uma peça de artesanato - porque ninguém imagina o trabalho que dá produzir aquelas amêndoas naquela escala -, devíamos ter mais apoios do Estado e do poder local. Depois, quando desaparecer, toda a gente vai dizer 'ai que pena, eram tão boas', mas, até desaparecerem, as pessoas vão definhando e vão morrendo."
O empresário lamenta que haja mais "saudosistas" do que iniciativas para garantir a saúde financeira dos produtores.