O presidente da nova associação de defesa dos accionistas da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) acusou, esta quarta-feira, Miguel Cadilhe de não ter conseguido resolver os problemas quando esteve à frente do Banco Português de Negócios (BPN). Os accionistas fizeram também saber que exigem respostas do Governo para serem indemnizados.
Apesar de reconhecer que os problemas do BPN são anteriores à gestão de Cadilhe, António Vilela considerou que o antigo responsável pelo grupo BPN não teve capacidades para responder às expectativas e para evitar a nacionalização.
O presidente da nova associação de defesa dos accionistas da SLN disse que viu frustradas as expectativas desenvolvidas em torno da equipa liderada por Miguel Cadilhe e composta por «gestores de grande qualidade».
No entanto, Cadilhe teve «o azar» de ter sido sobre a sua gestão que aconteceu a nacionalização, numa altura em que os accionistas esperavam que fosse «capaz de catapultar o BPN para uma nova vida».
Apesar de reconhecer que não conhece os dossiers todos, António Vilela acusou Miguel Cadilhe de não ter sabido gerir o banco.
«Fica um sabor amargo por uma equipa não ter sido capaz de conduzir o processo dentro das expectativas e acabar por abdicar de liderar o processo até ao fim», sublinhou, durante uma conferência de imprensa em Lisboa para apresentar a nova associação de defesa dos accionistas da SLN.
António Vilela disse que, segundo os dados mais recentes, aquela associação já representa 26 por cento do capital social da SLN, superando as expectativas dos próprios criadores da associação.
Aquela associação junta mais de mil pequenos, médios e grandes accionistas, que servem de contraponto ao núcleo de dez a 15 que têm gerido os destinos da SLN.
A nova associação pretende criar um grupo de trabalho que defenda os interesses conjuntos da SLN e do BPN, alegando que são convergentes.
«Precisamos de perceber o contexto da nacionalização, o valor efectivo do activo no momento em que foi nacionalizado e os prejuízos que foram depois identificados e que o Estado teve de assumir», disse António Vilela, exigindo respostas do Governo e da Justiça.
A nova associação garante que tem articulado esforços e diálogo com o conselho de administração e espera na próxima assembleia-geral, prevista para 27 de Novembro, conhecer as contas da sociedade, fazer um ponto de situação relativa ao património, em especial nas áreas do imobiliário, saúde e automóvel, e aguardar propostas sobre o modelo de governação.
Sem resposta ao pedido de indemnizações negado pelo Estado, António Vilela lembra que em causa está um valor de activos que ronda os 400 milhões de euros, sendo que um ano após a nacionalização do BPN continua a desconhecer a fronteira das responsabilidades dos accionistas.
No dia em que termina o prazo para contestar a decisão do Ministério das Finanças, Vilela assegurou ainda ter a garantia de o recurso da administração ter avançado contra a decisão do anterior executivo.